Em menos de um mês, a Praia do Guaraú, em Peruíbe, no litoral de São Paulo, foi o cenário de ao menos duas situações de afogamentos [quando não há morte]. Primeiro, a família Feliciano foi salva por um desconhecido ao se afogar. Depois, a esteticista Priscilla Pereira da Silva, que havia sido dada como morta por familiares, apareceu viva após 9h. Ambos os casos trazem um questionamento: Por que ocorrências dessa natureza são recorrentes na praia? A engenheira ambiental Luiza Amâncio, de 25 anos, explicou os fatores que justificam os casos.
A Praia do Guaraú é conhecida, principalmente, por ser uma região onde há o encontro do rio com o mar. No caso, o Rio Guaraú desagua no mar. Luiza afirma que nessa região, portanto, é comum acontecerem correntes de retorno.
“Essas correntes acabam se formando pela ação das ondas e do vento, que fazem a água se acumular na parte mais rasa”, explica. Esse fenômeno, segundo a especialista, é o que influencia os afogamentos naquela região.
Luiza comenta que, nesse cenário, é comum o banhista entrar na água e perceber que está sendo “puxado” para o fundo. Por isso, ela ressalta a importância de manter distância das áreas sinalizadas com bandeiras que indicam perigo no mar. Segundo a especialista, nessas áreas costumam ser mais comuns as formações de correntes de retorno.
Como identificar uma corrente de retorno
A engenheira ambiental orienta que, mesmo sem sinalizações de perigo na praia, é importante observar o mar para identificar possíveis correntes de retorno. Se notada a possibilidade de correnteza, o indicado é não entrar na água.
Luiza explica que a corrente de retorno pode ser identificada pela ausência de quebra de ondas, por ondas quebrando em direções opostas e pela mudança na coloração da água. Segundo ela, a coloração da corrente pode ficar mais escura ou mais clara que o mar ao redor.
Família em perigo é resgatada
Rosa Feliciano, de 50 anos, o marido, de 47, e o filho, de 17, quase se afogaram na Praia do Guaraú, em 23 de abril. Eles foram resgatados por um desconhecido.
Em entrevista, Rosa disse que a família entrou na água e, em instantes, uma espécie de “redemoinho” muito forte se formou. Enquanto lutavam para não serem arrastados pela correnteza, mãe e filho começaram a pedir por socorro. Por sorte, o pedido foi atendido em pouco tempo com ajuda de banhistas.
Após o susto, a mãe fez um pedido nas redes sociais para reencontrar quem teria os salvado. Em poucos dias, o pedido chegou no motoboy Guilherme Bernardinelli, de 29 anos, que mora em Ribeirão Pires (SP) e estava a passeio pela Praia de Guaraú no momento em que a família estava em perigo. Ele decidiu arriscar sua vida para salvar as vítimas, e conseguiu.
Mulher some no mar e é dada como morta
No último dia 17 de maio, a esteticista Priscilla Pereira da Silva, de 46 anos, foi dada como morta por familiares após desaparecer no mar da Praia do Guaraú, em Peruíbe. A profissional, que afirma não saber nadar, foi encontrada pedindo por ajuda na beira da estrada depois de um sumiço de quase 9h.
A sobrevivente explicou que ela e a patroa caminhavam pela orla da Praia do Guaraú com a água na altura do joelho, quando o mar começou a ficar forte e agitado. A esteticista relata que as duas foram rapidamente arrastadas para uma área onde a água batia “na altura do peito”.
Priscilla conta que a patroa, depois de muito esforço, conseguiu sair da água. Mas ela, sem saber nadar, permaneceu no mar. O sumiço da mulher durou quase 9h, até que foi encontrada na beira da estrada pedindo por socorro. Ela relata ter sido “abençoada” com um “milagre”.
Um sargento que trabalha há 20 anos na área, e atuou nas buscas pela Priscilla, confessou à reportagem que nunca havia vivenciado situação parecida a que foi protagonizada pela esteticista.
Fonte: G1