Três pessoas que estavam fazendo ecoturismo em Peruíbe, no litoral de São Paulo, encontraram um objeto emborrachado na areia da praia do Una. O item foi fotografado pelo trio, que suspeita se tratar de um fardo pertencente a um navio nazista naufragado. A hipótese foi confirmada pelo biólogo Clemente Coelho Jr, que participou de pesquisas sobre o aparecimento desses objetos no Nordeste.
O biólogo e guia ecológio Edson Ventura, de 48 anos, foi uma das pessoas que viu o objeto. Ele conta que estava fazendo o passeio ecológico com outras duas pessoas quando eles avistaram o fardo de longe. Como ficaram curiosos para ver o que se tratava, resolveram chegar mais perto.
“Nós andamos cerca de 500 metros para ver o que era o objeto. Essa foi a primeira vez que eu vi algo desse formato. O fardo estava compactado em camadas e parecia a espessura e material de borracha”, explicou. O biólogo tirou uma foto do objeto, mas não retirou o fardo do local e foi embora.
“Já tinha ouvido falar que esses fardos estavam aparecendo em alguns pontos no litoral paulista e queria achar um deles. E esse dia chegou. Foi muito interessante e histórico, sabendo que se trata de um objeto referente a Segunda Guerra mundial. Estava na minha frente, bem ali na areia”.
Fardos históricos
O pesquisador e biólogo Clemente Coelho Jr, da Universidade Federal de Pernambuco (PE) afirmou que o objeto encontrado em Peruíbe se trata de mais um dos fardos de borracha que têm aparecido no litoral nordestino desde 2018. “Recebi apenas fotos, mas tenho 99,9% de certeza, pelas características”.
Segundo o pesquisador, ele foi o responsável pela identificação de mais de 20 fardos que apareceram nas praias de Pernambuco desde o início dos aparecimentos. “O material foi transportado por navio que foi afundado na Segunda Guerra Mundial, próximo à Paraíba. Estamos estudando a possibilidade de ter mais de um navio nazista naufragado, o que deve aumentar a quantidade de fardos”.
O pesquisador diz que os fardos de borracha têm aparecido com frequência pelo litoral paulista, devido as correntes marinhas vindas do oceano. “Na região do Nordeste, onde vem aparecendo desde 2018, o mar se bifurca, com correntes ao sul e ao norte. Com isso, os fardos estão migrando e chegando aos poucos na região da Baixada Santista”, explica ele.
Ainda segundo o pesquisador, os moradores da região devem encontrar mais objetos como esse visto em Peruíbe. “Não sabemos quantos pedaços o navio carregava, então há possibilidades que novos fardos apareçam nas praias. São fardos de látex e é de responsabilidade das prefeituras dar o destino final”, explica Clemente.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Peruíbe, mas até a última atualização dessa reportagem, não obteve resposta.
Fonte: G1