Cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) informaram nesta segunda-feira (15) que o mundo está atualmente passando pelo quarto evento global de branqueamento de corais, o segundo dos últimos 10 anos. Para que um evento seja considerado global, um branqueamento significativo deve ocorrer nas três bacias oceânicas (Atlântico, Pacífico e Índico) em um período de 365 dias.
“De fevereiro de 2023 a abril de 2024, um branqueamento significativo de corais foi documentado nos hemisférios norte e sul de cada grande bacia oceânica”, relatou Derek Manzello, coordenador do Coral Reef Watch (CRW), o principal organismo de monitorização de recifes de coral do mundo, pertencente à NOAA, em comunicado.
Desde o início de 2023, o fenômeno foi confirmado na Flórida, nos Estados Unidos, no Caribe, no Brasil, no Pacífico Tropical Oriental (México, El Salvador, Costa Rica, Panamá e Colômbia), na Grande Barreira de Corais da Austrália, nas grandes áreas do Pacífico Sul (Fiji, Vanuatu, Tuvalu, Kiribati, Samoas e Polinésia Francesa), no Mar Vermelho (incluindo o Golfo de Aqaba), no Golfo Pérsico e no Golfo de Aden.
A NOAA também recebeu confirmação de branqueamento generalizado em outras partes da bacia do Oceano Índico, incluindo Tanzânia, Quênia, Ilhas Maurício, Seicheles, Tromelin, Mayotte e ao largo da costa ocidental da Indonésia.
“À medida que os oceanos do mundo continuam a aquecer, o branqueamento dos corais torna-se mais frequente e severo”, enfatizou Manzello. “Quando estes eventos são suficientemente graves ou prolongados, podem causar a mortalidade dos corais, o que prejudica as pessoas que dependem dos recifes de coral para a sua subsistência.”
Os cientistas expressaram preocupação com o fato de muitos desses ecossistemas correrem o risco de não se recuperarem do intenso e prolongado estresse térmico.
“O que está acontecendo é novo para nós e para a ciência”, disse o ecologista marinho Lorenzo Alvarez-Filip, da Universidade Nacional Autônoma do México. “Ainda não podemos prever o grau de estresse dos corais, mesmo que sobrevivam ao estresse térmico imediato.”
O ecologista David Obura, que dirige a Investigação e Desenvolvimento dos Oceanos Costeiros do Oceano Índico da África Oriental, acrescentou que “uma interpretação realista é que atravessamos o ponto de inflexão para os recifes de coral. Eles estão entrando em um declínio que não podemos parar, a menos que realmente paremos as emissões de dióxido de carbono que estão impulsionando as mudanças climáticas.”
A reportagem destaca que, tal como o evento de branqueamento deste ano, os três últimos – em 1998, 2010 e 2014-2017 – também coincidiram com um padrão climático El Niño, fenômeno natural que é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico.
Fonte: Um Só Planeta