Mais de 40 animais silvestres foram devolvidos à natureza pelo Instituto Gremar durante o mês de fevereiro em Itanhaém, no litoral de São Paulo. Segundo apurado pela reportagem, as espécies foram soltas após serem resgatadas debilitadas e passarem por tratamento veterinário.
A maior parte dos bichos, que estavam no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), chegou ao espaço durante a primavera de 2023. Segundo o Gremar, isso ocorre porque é uma época em que os animais se tornam mais suscetíveis ao impacto de ações humanas, já que aproveitam as altas temperaturas e a grande oferta de alimento para se reproduzirem.
Os 46 animais, entre filhotes órfãos e adultos debilitados, foram libertados em diferentes áreas de Itanhaém durante fevereiro. Uma soltura ocorreu no dia 20, mas as outras 45 foram realizadas entre os dias 6 e 10.
Ao todo, foram 16 espécies diferentes. A mais recorrente, com 11 animais, é gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), popularmente conhecido como saruê. Segundo a veterinária do Gremar, Jéssica Paulina, trata-se de um animal silvestre extremamente adaptável ao meio urbano, inofensivo e com papel ecológico importante na dispersão de sementes e controle de praga.
Ainda de acordo com a profissional, a espécie chega ao Cras durante o ano inteiro, mas as ocorrências aumentam após a primavera devido ao período de reprodução. “As mães ficam mais pesadas pela grande quantidade de filhotes que carregam e se tornam menos ágeis, suscetíveis à predação e atropelamentos, por exemplo”, explicou.
A veterinária afirmou que os 11 saruês reintegrados à natureza em fevereiro passaram por atendimento clínico e acompanhamento nutricional. Além disso, após alta médica, eles ocuparam um recinto externo de reabilitação, onde foram estimulados a exibir os comportamentos naturais da espécie e a ganhar condicionamento físico antes de retornarem ao habitat natural.
Demais espécies
Além dos saruês, foram soltos um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e um cágado-pescoço-de-cobra (Hydromedusa tectifera), além de 33 aves.
Entre as aves, estão oito andorinhões-do-temporal (Chaetura meridionalis), uma andorinha-grande (Progne chalybea), uma andorinha-do-campo (Progne tapera), quatro caburés (Glaucidium brasilianum), três canários-da-terra (Sicalis flaveola), dois bem-te-vis (Pitangus sulphuratus), um urubu-comum (Coragyps atratus), dois quiriquiris (Falco sparverius), quatro periquitos-ricos (Brotogeris tirica), um beija-flor tesoura (Eupetonema macroura), um bacurau (Nyctidromus abilcollis), três rolinhas-roxas (Columbina talpacoti) e dois avoantes (Zenaida auriculata).
Cras
De acordo com o Instituto Gremar, o Cras é um importante ponto estratégico para prestação dos primeiros atendimentos aos animais silvestres resgatados vivos que estejam aptos à reintrodução em seu habitat natural. O equipamento, inclusive, possui apoio da Prefeitura de Itanhaém, desde 2021.
A estrutura conta com um ambulatório para atendimento, recintos para aves e tanques para répteis terrestres e pequenos mamíferos. O espaço também serve como base avançada de apoio para ações de resposta à fauna, além de estudos e atividades de educação ambiental.
O que fazer ao encontrar um animal silvestre?
Segundo o Gremar, muitos animais são encontrados em estado crítico, principalmente, em consequência de atropelamentos, interação com resíduos sólidos (ingestão lixo, linhas de pipa e pesca), ataques de animais domésticos e ferais, eletrocussão, intoxicação, colisão com vidraças e até mesmo maus tratos.
Por isso, o Instituto deve ser acionado em caso de encontro de animal silvestre debilitado em Itanhaém. O Gremar atende das 8h às 17h de segunda a sexta-feira, pelos telefones (13) 3426-8168, (13) 99711-4120 ou (13) 3421-1604, via Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Durante os finais de semana, a Guarda Civil Municipal e a Polícia Ambiental prestam apoio nas ocorrências com acionamento pelos telefones (13) 3425-3800 e (13) 3422-3765, respectivamente.
Fonte: G1