Entidade focada nos trabalhos de conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos, o Instituto Argonauta, de Ubatuba (SP), já atendeu mais de 11 mil animais nos últimos seis anos no Litoral Norte de São Paulo – a maioria, no entanto, é encontrada já morta (veja detalhes de 2022 baixo).
Confira o levantamento dos animais atendimentos a cada ano:
- 2016: 1.584
- 2017: 1.795
- 2018: 2.404
- 2019: 1.353
- 2020: 1.580
- 2021: 1.026
- 2022: 1.288
- Total: 11.030
O instituto faz parte de um grupo executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), conduzido pelo Ibama.
O atendimento aos animais marinhos envolve profissionais de campo e equipes que trabalham na reabilitação. São realizados diagnósticos dos que chegam vivos e necropsias dos que são encontrados mortos.
“Vale destacar que muitos sofrem com ações humanas como agressões, poluição, descarte de lixo incorreto e capturas acidentais pela pesca. Essas interações muitas vezes são tão graves a ponto de não conseguirmos reabilitar e salvar estes animais”, explica a médica veterinária Raquel Beneton Ferioli.
Lixo na temporada
O problema aumenta ainda mais com a chegada da temporada de verão. Com o número de pessoas bem maior na região, a quantidade de lixo é, consequentemente, mais alta, o que preocupa as autoridades ambientais da cidade.
De acordo com o Instituto Argonauta, só a entidade já recolheu mais de 41 toneladas de lixo nas praias do Litoral Norte desde 2016.
“A gente percebe que essa época tem um grande aumento do lixo que é descartado nas faixas de areia e isso aumenta muito a interação dos animais com esses materiais, principalmente as tartarugas, que ingerem bastante plástico. Todo lixo que vai parar no mar é um causador de irritação na fauna”, afirma a oceanógrafa Tami Ballabio.
Ocorrências em 2022
Em relação ao ano de 2022, dos 1.288 animais atendidos no Litoral Norte pelo Instituto Argonauta, 81% foram encontrados mortos e apenas 18% vivos, o que é preocupante.
O grupo que teve maior atendimento de ocorrências foi o de tartarugas-marinhas: foram 794, sendo 2% envolvendo animais vivos e 98% animais mortos.
O grupo de aves marinhas representou 382 dos atendimentos, sendo 27% vivos e 73% de mortos. Por fim, o grupo de mamíferos teve um total de 112 ocorrências, com 3% de animais vivos e 97% mortos.
Em relação ao grupo de mamíferos, as toninhas, espécie de golfinho mais ameaçada do Brasil, foram as líderes de ocorrências. 64 animais foram encontrados mortos, maior número nos últimos 5 anos.
Depois das toninhas, o maior número de atendimentos aconteceu com boto-cinza, golfinho-pintado-do-atlântico, baleia-jubarte e golfinho-comum.
Já com as aves marinhas, os pinguim-de-magalhães foram os animais com o maior número de ocorrências. Na sequência vem biguá, atobá-pardo, bobo-pequeno e o bobo-grande-de-sobre-branco.
No grupo das tartarugas, a tartaruga-verde foi que somou maior número de ocorrências, seguida por tartaruga-oliva, tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-pente e a tartaruga-de-couro.
Visita curiosa
Entre toda a lista divulgada pelo Instituto Argonauta, o elefante-marinho foi o único animal a receber atendimento uma única vez no Litoral Norte durante todo o ano. Isso porque a aparição desta espécie é considerada rara.
A visita do elefante-marinho aconteceu março, em Ubatuba. De acordo com a entidade, o animal se deslocou pela costa em busca de um lugar tranquilo para descansar e fazer a “muda”, que consiste na renovação da pele e dos pelos.
Com cerca de quatro metros de comprimento e duas toneladas, o macho juvenil foi acompanhado de perto pelas equipes por quatro dias.
Fonte: G1