Uma invasão de gambás-de-orelhas-pretas, também conhecidos como saruês, assustou os proprietários de uma casa em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Os animais estavam dormindo na residência e se alimentando com a ração dos gatos. Os saruês foram resgatados por uma equipe de biólogos.
De acordo com o relatado pela dona da casa, Fúlvia Rodrigues, a família percebeu que a ração dos gatos e outros alimentos começaram a desaparecer rapidamente. “Começamos a observar, e passamos a ver vários saruês circulando pelo jardim e se alimentando”, diz.
Apesar do susto ao se deparar com os gambás, cientificamente chamados de Didelphis aurita, Fúlvia conta que não teve medo nem nojo, apenas curiosidade. “Não é um animal feio, mas o seu contato com a área habitada não é agradável, mesmo porque, eles comem os alimentos que encontram e tentam entrar em casa”.
A dona da casa também contou que encontrou um dos saruês dormindo em cima de um travesseiro. A partir daí, começou a ter mais cuidado para eles não entrarem no imóvel. “À tarde, temos que deixar todas as portas e janelas fechadas, e com o calor que tivemos nestes meses, isso não foi bom”.
Para dar adeus aos “visitantes indesejados”, Fúlvia acionou a Secretaria de Meio Ambiente da cidade, que foi até o local resgatar os gambás. “Eles vieram à nossa residência e capturaram dois saruês, porém, logo depois da saída da equipe, outros saruês já apareceram e devoraram as rações dos gatos”.
Por conta do aparecimento de mais animais, foi necessário agendar uma nova visita da equipe de resgate. “Vamos precisar outra vez da intervenção dos biólogos, não só para resgatar os animais, mas para devolvê-los ao lugar de origem, fazendo, desse modo, um trabalho valioso em prol da natureza e do meio ambiente”, finaliza.
Resgate
O responsável pelo resgate, o biólogo Thiago Malpighi, contou que, junto com a bióloga Ligia Amorim e a estagiária Karine Magrini, foi até o local e se deparou com saruês bem grandes. “Estavam bem robustos, bem grandes, com um tamanho maior do que costumamos encontrar”, afirma.
Segundo Malpighi, os animais devem ter “invadido” o local por se tratar de uma casa de veraneio, sem uma presença frequente de pessoas, e pela disponibilidade de alimento.
“Chegamos na casa e encontramos os animais dormindo nas prateleiras e em cestos. Fizemos a captura de dois saruês, e os transferimos a um local de vegetação nativa”.
O biólogo afirma, também, que são necessários cuidados importantes para manter os saruês longe das residências. “É um animal silvestre, mas bem adaptado ao convívio no ambiente urbano. São bem versáteis, e conseguem desenvolver um bom desempenho na área urbana, principalmente no quesito alimentar”.
Cuidados para evitar invasões
O especialista explica que restos de comida, disponibilidade de ração para pets e móveis abandonados são atrativos aos gambás, que muitas vezes passam a frequentar os imóveis pela disponibilidade de alimentos no quintal, principalmente no período noturno.
“As pessoas devem se atentar ao lixo e à ração acessível. Normalmente, eliminando essas possibilidades de alimento, já reduz a probabilidade de os saruês frequentarem as residências”, esclarece.
Malpighi informa que, antes de pedir o resgate dos gambás, a principal recomendação é que as pessoas façam o manejo do ambiente, pois, com essas ações, os animais, muitas vezes, não retornam mais.
“Rever a questão do lixo, manter os resíduos em sacos bem fechados, e tirar a ração de animais dos potes, principalmente no período noturno, é fundamental”, conclui.
Fonte: G1