Uma baleia jubarte macho surpreendeu a comunidade científica ao viajar 13.046 km em uma década, desde as águas da Colômbia, na América do Sul, até a costa de Zanzibar, na África. Essa é a maior distância já documentada para uma única baleia, segundo pesquisa publicada no periódico Royal Society Open Science.
A descoberta, conforme destaca reportagem foi possível graças à Happywhale, plataforma que permite que pesquisadores, cientistas cidadãos e observadores de baleias registrem avistamentos e identifiquem baleias individuais por suas nadadeiras, usando uma forma modificada de reconhecimento facial.
Ted Cheeseman, biólogo de baleias da Southern Cross University, coautor do estudo e cofundador da Happywhale, explicou que a cauda de uma baleia (ou “flukeprint”) é tão única e identificável quanto uma impressão digital. “É como uma faixa de cinco metros de sua identidade”, disse ao The Guardian, apontando que cada uma tem seus próprios padrões, pigmentação e cicatrizes.
O animal foi fotografado pela primeira vez no Golfo de Tribugá, no Pacífico norte da Colômbia, em 10 de julho de 2013. Ele fazia parte de um grupo que incluía sete jubartes e estava associado a um grupo de golfinhos-nariz-de-garrafa.
O avistamento seguinte foi feito cinco anos depois (13 de agosto de 2017) na Bahía Solano, a aproximadamente 78 km de distância do primeiro local. A baleia estava novamente dentro de um grupo, dessa vez de oito indivíduos, que incluía um par de mãe e filhote.
O avistamento mais recente ocorreu em Fumba, no canal de Zanzibar, sudoeste do Oceano Índico, em 22 de agosto de 2022. O animal, desta vez, estava junto com outras cinco baleias.
De acordo com os pesquisadores, a rota exata de sua migração é desconhecida e pode ou não abranger múltiplas migrações latitudinais entre áreas de reprodução na Colômbia e áreas de alimentação na Península Antártica Ocidental.
Eles ainda pontuaram que esse movimento de distância extrema demonstra plasticidade comportamental, que pode desempenhar um papel importante nas estratégias de adaptação às mudanças ambientais globais e talvez ser uma resposta evoluída a várias pressões que estes animais vem sofrendo, como o tráfego de embarcações, a poluição e a pesca.
Fonte: Um Só Planeta