Um dos únicos países que ainda permitem a caça às baleias (junto do Japão e Noruega), a Islândia emitiu na quinta-feira (5) licença para que a empresa Hvals hf. possa caçar baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) até 2029. A permissão também se estende à caça de golfinhos para um barco de pesca da companhia Tjaldtanga ehf.
Em comunicado, o governo islandês afirmou que Agência de Pesca e o Instituto de Alimentos continuarão supervisionando as atividades de caça e que apenas a caça de baleias-jubarte e golfinhos será permitida, enquanto outras populações de baleias estão protegidas.
A decisão, contudo, gerou críticas por parte de ativistas dos direitos dos animais e grupos ambientalistas, que criticaram o fato de ela ter sido tomada por um governo interino. De acordo com a BBC, esse governo provisório acabou no último dia 30 de novembro, quando o Partido da Independência da Islândia perdeu para a Aliança Social-Democrata de centro-esquerda em eleições antecipadas.
Sharon Livermore, diretora dos programas de conservação marinha do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, disse que os poucos baleeiros ricos do país continuaram a exercer sua influência mesmo nas últimas horas do governo interino. “Este governo deveria simplesmente estar segurando a situação, mas em vez disso tomou uma decisão altamente controversa e precipitada”, afirmou.
Já a Associação Ambiental da Islândia e sua ala jovem comentou à Agência France-Presse que a democracia não é respeitada no país e que “a emissão de licenças viola os interesses do clima, da natureza e do bem-estar dos animais”.
De acordo com a agência, era permitido na Islândia a captura anual de 209 baleias-comuns (Balaenoptera physalus) e 217 baleias-de-minke (Balaenoptera acutorostrata) durante a temporada anual de caça às baleias, que vai de meados de junho a setembro. As licenças são emitidas por períodos de cinco anos, mas as últimas expiraram em 2023.
No ano passado, os islandeses suspenderam a caça às baleias por dois meses depois que um inquérito encomendado pelo governo concluiu que os métodos usados não estavam conforme as leis de bem-estar animal.
Segundo monitoramento feito pela agência veterinária do governo, os caçadores de baleias estavam usando arpões explosivos que geram agonia prolongada nos animais. A caça durava até cinco horas após os mamíferos serem arpoados.
O que muda com a nova licença?
Sob a nova licença, o governo recomenda que a caça de baleias-jubarte entre 2018 e 2025 não ultrapasse 161 baleias-jubarte na área de pesca do leste da Groenlândia e oeste da Islândia. Já na região do leste islandês e Faroe, o limite é de 48 baleias.
Uma recomendação do Instituto de Pesquisa Marinha menciona um estudo populacional de 2017, que indicou que a população de baleias-jubarte tem aumentado de forma constante ao redor da Islândia desde o início das contagens em 1987. O último censo, realizado em 2015, estimou que havia em toda a área de contagem da Islândia e das Ilhas Faroe mais de 40,7 mil exemplares, dos quais 33,4 mil estavam no local de reprodução do leste islandês e da Groenlândia.
O instituto também recomenda que só deverão ser capturados até 2025 um total de 217 golfinhos. Em 2018, foram fisgados 6 desses animais e em 2021, apenas um. Nenhuma baleia-jubarte foi capturada até então em 2024; em 2022, foram caçadas 148 dessas baleias, e em 2023, o total de capturas foi de 24.
Fonte: Um Só Planeta