Um grupo de observadores de aves registrou uma espécie de gavião que não era vista desde 2010 em Peruíbe, no litoral de São Paulo. O ornitólogo [especialista em aves] Bruno Lima explicou, nesta quarta-feira (6), que o Tauató-pintado (Accipiter poliogaster) é uma das aves mais “raras e enigmáticas da América do Sul”.
Segundo o especialista, o Tauató-pintado está quase ameaçado de extinção e é considerado raro por ser “discreto”. De acordo com ele, o animal nunca permite que as pessoas o observem por muito tempo, o que torna os registros quase impossíveis. Este gavião também não costuma voar e ‘cantar’ por cima das árvores.
O animal, inclusive, foi apelidado de ‘fantasma’ pelos especialistas. “É uma das aves mais raras e enigmáticas da América do Sul […]. É uma espécie enigmática por causa da própria natureza discreta, […] por isso não sabemos muito sobre ela”, explicou Bruno.
A ave não era vista desde 30 de outubro de 2010 em Peruíbe. Na ocasião, ela foi flagrada pelo monitor ambiental e jornalista Márcio Ribeiro na Estrada do Cajueiro, na Zona Rural da cidade. Desde então, os observadores ficam atentos para encontrar o gavião ‘fantasma’.
Registro
Na mesma estrada onde a espécie foi fotografada em 2010, um grupo de nove pessoas — entre eles, três especialistas e duas crianças de 7 e 9 anos — procuravam papagaios-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), quando foram surpreendidos com o pouso do gavião em uma das árvores por volta das 18h de domingo (3).
“Eu até demorei para entender o que estava acontecendo porque é um bicho tão raro que a gente não espera encontrar […]. Quando eu coloquei o binóculo, nossa… Comecei a gritar para todo mundo: ‘Rápido, tirem foto que esse bicho é raríssimo, uma das aves mais raras'”, lembrou Bruno.
De acordo com o ornitólogo, a plumagem nas cores preta e branca constatou que se tratava de um gavião adulto, uma vez que os juvenis são mais coloridos. Bruno afirmou à equipe de reportagem que para saber se era fêmea ou macho teria que pegá-lo para medir, o que não foi possível.
Espécie
Bruno acrescentou que, mesmo estando presente em quase toda a América do Sul, há poucos registros sobre a espécie enigmática. No Brasil, a ave foi vista em apenas 50 cidades, aproximadamente.
O que se sabe, de acordo com Bruno, é que o Tauató-pintado fica em florestas e não costuma aventurar-se em áreas abertas. Ele se alimenta de aves que andam pelo chão. “[O gavião] vem de cima, surpreende elas e come”, explicou o especialista.
Além disso, o ornitólogo afirmou que o gavião ‘fantasma’ só canta no período de reprodução. Os especialistas, no entanto, ainda não conseguiram identificar qual é a época exatamente. “O pouco que sabemos é que parece ser no inverno [a época de reprodução]”, finalizou ele.
Fonte: G1