Após críticas de ambientalistas, Marinha adia ‘bombardeio’ no Arquipélago de Alcatrazes, no Litoral Norte de SP

Após receber críticas de ambientalistas, a Marinha decidiu adiar o ‘bombardeio’ que faria no Arquipélago de Alcatrazes, no Litoral Norte de São Paulo. Segundo o Instituto Chico Mendes (ICMBio), o treino poderia ser prejudicial à fauna local.

O exercício de tiro estava previsto para os dias 16 e 17 de agosto na Ilha da Sapata, região em Alcatrazes usada pela Defesa em treinamentos. No entanto, um acordo entre a Marinha e o ICMBio prevê que os ‘bombardeios’ acontecessem apenas entre novembro e abril.

Em julho deste ano, o órgão e especialistas foram surpreendidos com o anúncio do treinamento neste mês, fora do período pré-estabelecido. O ICMBio enviou um ofício à Marinha e solicitou o adiamento, o que foi atendido.

Em nota, a Marinha informou que a atividade foi adiada, mas que a razão para isso está ligada a “motivos desde meteorológico entre outros”.

Ilha dos Alcatrazes (SP) é berçário para muitas espécies nativas e migratórias. — Foto: Terra da Gente
Ilha dos Alcatrazes (SP) é berçário para muitas espécies nativas e migratórias. (Foto: Terra da Gente)

Crítica de ambientalistas

O ‘bombardeio’ também teve repercussão de entidades e especialistas em meio ambiente, que criticaram a postura da Marinha.

Em nota técnica, o Instituto Verde Azul, que estuda o comportamento das baleias no litoral, alertou sobre o risco da atividade.

De acordo com as biólogas que assinam a nota, os animais dependem de orientação sonora para se locomover e se alimentar. E destacam que a poluição sonora, com explosões submarinas e escavações, são apontadas por órgãos internacionais como maior ameaça a esses animais.

“O impacto sonoro dos explosivos poderá trazer inúmeras consequências negativas, não somente para os cetáceos, mas para todo ecossistema marinho adjacente e cidades costeiras que estão se beneficiando economicamente da presença desses animas e rica biodiversidade local”, diz nota do Instituto Verde Azul.

Apesar de haver um acordo e restrições que mantém o exercício no local, o ICMBio aponta os problemas com a fauna local por causa dos disparos.

“Há registro da destruição de ninhos de atobás e gaivotões na ilha da Sapata, pelo impacto dos projéteis. As fragatas perturbadas nos ninhos pelo efeito sonoro dos disparos podem abandoná-los, deixando ovos e filhotes sujeitos a queda e a predação”, citou o instituto no plano de manejo do local.

O órgão também cita o acúmulo de projéteis na água.

Projétil no fundo do mar em Alcatrazes — Foto: Reprodução/ICMBio
Projétil no fundo do mar em Alcatrazes (Foto: Reprodução/ICMBio)

Fonte: G1

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