Os amigos de José Jackson de Alencar, de 25 anos, que desapareceu após ser atingido por uma cabeça d’água ao tentar retornar de uma trilha em Itanhaém, no litoral de São Paulo, têm esperanças de que o jovem seja encontrado com vida. O acidente aconteceu no último dia 4, quando Jackson tentava ajudar a segunda vítima, Marli dos Anjos Valadão, de 32 anos, a atravessar uma ponte sobre um rio. Ela também continua desaparecida. As buscas são realizadas pelo Corpo de Bombeiros.
Mesmo com as buscas diárias dos bombeiros e os sobrevoos pela área, duas amigas de Jackson, afirmaram que aguardam por mais informações da corporação. Sara Ferreira, de 23 anos, é uma amiga muito próxima dele e disse que familiares e amigos estão desolados com o ocorrido.
“Não estamos recebendo notícias direito. Estamos desolados. Não atualizam nada, só falam que estão procurando. Mas, a gente quer buscas terrestres e um pouco mais para longe de onde ocorreu. A gente precisa encontrar eles, tem mais de uma semana sem resposta. Ninguém aguenta mais. Nós só queremos resposta. Queremos ajuda”, desabafou.
De acordo com o capitão do Corpo de Bombeiros, André Elias, estão sendo feitas buscas terrestres e utilizando aeronaves. “Sobre estarmos realizando buscas somente próximo do ponto, não procede. Estamos com aeronaves infiltrando bombeiros tanto na parte do planalto, quanto na Baixada Santista, com equipes percorrendo por cima e por baixo”, esclareceu.
Nagela Agra, 28 anos, que também é amiga de Jackson e que fazia trilhas com ele, também afirmou estar aguardando informações sobre as buscas. Segundo ela, até o momento nem os pertences do amigo foram localizados.
“Se eles morreram afogados ou com a colisão nas pedras já deveriam ter sido encontrados, estariam boiando. Até agora, não encontraram nenhum dos dois. Sei que eles [os bombeiros] estão fazendo o melhor trabalho possível”, ressaltou.
Sara e Nagela afirmaram que têm esperanças e querem que as vítimas sejam encontradas com vida. “Mesmo sabendo que as possibilidades são mínimas temos esperança sim de encontrá-los com vida. A última palavra vem de Deus”, disse Nagela.
Quem são os desaparecidos?
Marli dos Anjos é vendedora e mora na capital paulista com a filha de 15 anos. A irmã dela afirmou que Marli fez outras trilhas e sempre gostou da natureza. Antes de sair de casa, ela comentou com a mãe que seria a última vez que ela faria uma trilha.
“Seria a última vez que ela faria nesse local porque queria fazer trilhas menores. Essa era muito extensa”, disse a vendedora Marcele dos Anjos de Souza, de 35.
José Jackson de Alencar mora na capital paulista há 5 anos e trabalha em um supermercado. De acordo com o pai dele, José Sivaldo Alencar, de 55 anos, o filho tem experiência em trilhas. Alencar acredita que irá encontrar o filho com vida.
“Eu vim do Piauí para tentar encontrar ele. Os bombeiros estão procurando, mas não conseguiram ainda. Estou em São Paulo na esperança de encontrar ele, mas parece que está difícil. Tenho fé de encontrar ele vivo. Um cara jovem, tem tudo pela frente, mas infelizmente a água levou meu filho”, disse José Sivaldo.
Desaparecimento
Segundo o relato de um dos sobreviventes à polícia, o grupo com oito pessoas havia combinado o acampamento no fim de semana. Não houve problema até o retorno, por volta das 15h30 do dia 4 de dezembro.
Um jovem de 21 anos contou que os amigos andavam sobre as pedras e se seguravam nas cordas, quando uma forte cabeça d’água os atingiu no meio da travessia enquanto chovia. O rapaz, Marli e Jackson foram arrastados pela enxurrada.
Marli e Jackson ficaram com a água na altura do joelho, no início da travessia, mas o nível do rio subiu para a altura da barriga, segundo o amigo deles contou à polícia. O relato ainda detalha que o primeiro a cair foi Jackson, mas ele ainda conseguiu se segurar na corda. Em seguida, o amigo deu apoio para ele, quando Marli caiu. A mulher, segundo o registro policial, não conseguiu se segurar na corda, e Jackson também a soltou depois.
Ao perceber que o local dava pé e era possível sair pela margem, o sobrevivente afirmou que saiu pela lateral do rio e caminhou pela margem para tentar resgatá-los mais à frente. O rapaz detalhou à investigação que acredita que Jackson tenha entrado na correnteza na tentativa de ajudar Marli. Na sequência, ele disse que perdeu os dois de vista.
Os demais amigos do grupo só conseguiram sinal de celular cerca de duas horas depois, quando pediram apoio aos bombeiros. O resgate chegou à área por volta das 2h da madrugada.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o desaparecimento foi registrado no 25º Distrito Policial (DP), em Parelheiros.
Fonte: G1