A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) apresentou os dados da segunda fase do estudo sobre os Impactos e Riscos da Mudança do Clima nos Portos Públicos. De acordo com o estudo, a operação no cais santista é afetada por tempestades, ventos, ondas e nível do mar.
O evento realizado em em Brasília (DF) contou com a presença de autoridades da Agência, Ministério da Infraestrutura e de representantes dos portos de Aratu (BA), Rio Grande (RS) e Santos, no litoral de São Paulo, que foram selecionados para um estudo mais detalhado. (leia abaixo)
O levantamento realizado em 2021 pela Antaq, por intermédio das gerências de Desenvolvimento e Estudos, de Meio Ambiente e Sustentabilidade, e em parceria com a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) listou ao menos seis sinais de alerta ao cais santista.
“As principais ameaças levantadas para o Porto de Santos foram: vendavais, enchentes e inundação fluvial, ressaca, aumento do nível do mar e neblina”. Mesmo os ventos mais fracos, de acordo com o documento, podem oferecer riscos à operação do porto, a depender da carga processada no desembarque.
Ainda de acordo com o relatório, as enchentes e inundações podem ser consequência de uma série de eventos climáticos como chuvas intensas, ressacas e aumento do nível do mar, que “podem trazer ao porto problemas como erosão e depósito de sedimentos, além de interrupções no transporte de carga, na cadeia logística e nos processos de embarque e desembarque de carga”.
A segunda fase do estudo constatou que a operação portuária é diretamente afetada pelas tempestades, condições de ventos, ondas e nível do mar, com impactos desde a paralisação da navegação dentro da área portuária, por conta da agitação do mar e ventos intensos, até a paralisação da operação de retaguarda e cais por ventos fortes.
Mesmo diante dos possíveis riscos, não existem infraestruturas sob risco estrutural ou operacional ‘alto’ no Porto de Santos. As interações que apresentam risco ‘médio’ também não alteram seu grau de risco com o passar do tempo, apesar do aumento da probabilidade de ocorrência de algumas ameaças.
“Apenas as ameaças chuva persistente, chuva forte e inundações devido ao aumento de 0,2 m do nível do mar apresentaram risco ‘médio’, sendo esse o maior risco verificado para o Porto de Santos. De modo geral, o risco estrutural é baixo para a maioria das interações entre as ameaças e estruturas portuárias”, revelou a segunda fase do estudo.
Ranking de riscos
Em 2021, a Antaq em parceria com a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) fez uma avaliação geral dos riscos climáticos presentes e futuros em 21 portos costeiros brasileiros. A partir daí foi elaborado um ranking dos portos classificados com maior risco para as ameaças de tempestade, vendaval e aumento do nível do mar.
Os 21 portos costeiros públicos analisados foram: Angra dos Reis (RJ), Aratu-Candeias (BA), Cabedelo (PB), Fortaleza (CE), Ilhéus (BA), Imbituba (SC), Itaguaí (RJ), Itajaí (SC), Itaqui (MA), Natal (RN), Niterói (RJ), Paranaguá (PR), Recife (PE), Rio Grande (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP), São Francisco do Sul (RS), São Sebastião (SP), Suape (PE) e Vitória (ES).
A partir desse ranking, e considerando outros critérios como recorte regional e a perspectiva de novos investimentos no Programa de Parceria de Investimentos (PPI), foram selecionados os portos de Aratu (BA), Rio Grande (RS) e Santos para um levantamento de risco climático detalhado.
A escolha também levou em consideração as infraestruturas e operações, os impactos da mudança do clima e os impactos potenciais em diferentes cenários de emissão de gases de efeito estufa e temporais futuros, além dos desafios que cada porto possui para as estratégias de adaptação.
O que diz o Porto de Santos
A Santos Port Authrity (SPA), que administra o Porto de Santos, confirmou que participou, na terça-feira (6), da divulgação da segunda fase do estudo. De acordo com a autoridade portuária, de modo geral, o estudo aponta que o porto santista apresenta risco estrutural baixo, pois a infraestrutura e equipamentos estão dimensionados para suportar cargas operacionais dentro de limites de condições climáticas adversas.
A SPA ressaltou, em nota, que o porto está atento aos impactos das mudanças climáticas. “Fortalecemos e demos centralidade ao eixo de sustentabilidade no nosso planejamento estratégico 2021-2025, com diretrizes e iniciativas específicas para as mudanças climáticas”.
Também foram listadas outras ações, como a Agenda Ambiental para o triênio 2021-2023, que, segundo a SPA, contém objetivos e metas relacionados ao tema.
“Temos parceria com startups que auxiliam a monitorar a infraestrutura aquaviária e as condições de microclima para otimização das operações portuárias. Recentemente também implantamos um sistema de monitoramento da qualidade do ar e estamos em processo de confecção do nosso inventário de emissões atmosféricas, com ênfase nos gases de efeito estufa”, informou, em nota.
Fonte: G1