Um aluno de psicologia de 20 anos optou por morar dentro de uma Kombi, em frente à faculdade onde estuda, no bairro Boqueirão, em Santos, no litoral de São Paulo. Matheus Parize afirmou que sempre sonhou em comprar um motorhome para morar. “Esse estilo de vida sempre me atraiu muito. Sempre tive o sonho, e juntei dinheiro para comprar”.
Segundo o estudante, inicialmente, ele conseguiu juntar dinheiro para comprar um carro, mas não era suficiente para o motorhome. Dessa forma, teve a ideia de comprar o veículo e trabalhar como motorista de aplicativo, para juntar o restante do dinheiro. “Aí, quando juntei, vendi o carro e comecei a procurar o motorhome”.
Nomeada de Joelma, a moradia de Parize e seu companheiro, o cachorro Zeca, durante a semana, fica em frente à faculdade onde estuda psicologia, e aos fins de semana ele aproveita para viajar. Para ele, morar em frente ao local onde estuda é uma economia, por não precisar ir e voltar todo dia para Praia Grande, cidade onde os pais moram. “Querendo ou não, [o trânsito] estressa e acaba interferindo na qualidade de vida”, analisa.
“Sempre gostei muito de carro antigo, então, acabei encontrando na Kombi uma união entre motorhome e carro antigo, e me encontrei demais. Ela é charmosa, ainda mais amarelinha”, conta.
Estilo de vida
Parize afirma que sempre determinou a questão da segurança como algo primordial. Por isso, ele prioriza estacionar a Kombi em locais com câmeras de monitoramento e guaritas.
“Quando decidi ficar na porta da faculdade, foi justamente por estar sempre no local de estudo, e aí consigo ir para a biblioteca e para a faculdade o tempo que eu quiser, por mais que a maior parte do tempo eu fique dentro dela com o Zeca”, diz.
O motorhome foi comprado no fim do ano passado, e desde o começo deste ano o estudante mora dentro da Kombi. Em frente à faculdade, ele está há poucas semanas, desde o retorno das aulas.
Enquanto estava de férias, o estudante aproveitou para ‘morar’ cada dia em um lugar, viajando a cidades entre o litoral Norte e Sul. “Você pode viajar para onde quiser e levar sua casa com você”.
Estrutura
Segundo o estudante, o veículo tem toda a estrutura de uma casa, incluindo isolamento térmico, climatizador, chuveiro, caixa d’água, fogão, geladeira e um sofá que vira cama.
De acordo com Parize, todos pensam que a Kombi é antiga, mas é o último modelo que saiu. “É a mesma manutenção que o dono de um carro 2014 tem. Não tenho dor de cabeça com ela, até porque acabo andando pouco, e por enquanto, a manutenção é preventiva”.
O fato de morar em uma Kombi desperta a atenção e curiosidade de muitas pessoas. “Fica todo mundo deslumbrado. Se eu ficar com a porta aberta, o dia inteiro a galera vem conversar, trocar ideia. Acaba tendo uma relação amigável, dócil e calorosa”.
A família do estudante se preocupa, mas ele explica que conversa com os pais o tempo inteiro, e eles ficam tranquilos por saberem que é o que ele gosta. “Eles também têm um planejamento de comprar um motorhome. Era um sonho de anos, por que eu esperaria para realizá-lo?”.
Em relação à segurança de morar na rua, Parize afirma que, se parar para pensar, acaba sendo o mesmo risco em relação a morar em uma casa. “Você está estacionado ali na rua, só que em uma estrutura de cimento, e não de lata como é a Kombi, então, é bem proporcional”.
Joelma e Zeca
O jovem considera a Joelma e o Zeca parte de sua família. Algumas pessoas, inclusive, se preocupam com o bem-estar do animal, que é muito bem cuidado pelo estudante.
“Bastante gente comenta, preocupada, dizendo que o cachorro fica ‘fritando’ na Kombi. Fiquem tranquilos, ela tem isolamento térmico, e o climatizador fica ligado o tempo todo para o Zeca, que fica dormindo enquanto vou para a aula. Ele também tem água e ração à vontade, e quando volto da aula, ele olha para mim com cara de sono e bocejando. Tem as condições necessárias para ficar lá dentro, e está acostumado”, diz.
A Joelma, que tem até Instagram, é uma homenagem para a cantora, que ele admira bastante. “Ela é muito alto astral, uma pessoa muito alegre, e até por essa questão que passou recentemente da traição, de ter dado a volta por cima e hoje estar muito bem”, diz.
“Graças a Deus, me encontrei completamente, e percebi que é dentro dela que quero viver. Ali dentro, é meu larzinho, onde posso ser eu, lidar com a minha interioridade, ficar bem comigo, com meu cachorro. É uma liberdade incrível”, finaliza.
Fonte: G1