Groenlândia enfrenta quase o dobro de episódios de degelo extremo comparado a segunda metade do século XX

A mudança climática está acelerando o derretimento do gelo na Groenlândia a uma taxa alarmante, com sérias implicações não apenas para o Ártico, mas também para o clima global. Um estudo da Universidade de Barcelona revela que os episódios extremos de derretimento — quando grandes áreas de neve e gelo derretem rapidamente — ocorreram com cerca do dobro da frequência durante os verões das últimas décadas em comparação ao período de 1950 a 1990.

O artigo, publicado no Journal of Climate da American Meteorological Society, mostra que a última década registrou anos de pico em derretimento extremo na Groenlândia. Por exemplo, no verão de 2012, derreteram 610 gigatoneladas de gelo (equivalente a 244 milhões de piscinas olímpicas) e, em 2019, 560 gigatoneladas (224 milhões de piscinas olímpicas). O estudo foi liderado pelos professores Josep Bonsoms e Marc Oliva, pelo pesquisador Juan Ignacio López-Moreno e por Xavier Fettweis da Universidade de Liège.

No verão de 2012, derreteram 610 gigatoneladas de gelo (equivalente a 244 milhões de piscinas olímpicas) (Foto: Josep Bonsoms/CC BY)

A pesquisa analisou os episódios extremos de derretimento na Groenlândia entre 1950 e 2022, mostrando uma perda média de cerca de 300 gigatoneladas de água por ano entre 1980 e 2010, equivalente a 48 milhões de piscinas olímpicas. Além disso, cerca de 40% dos episódios de derretimento foram extremos nas últimas décadas, com 50% nas áreas mais frias do norte e noroeste da Groenlândia. Esse derretimento de superfície, ponderam, deve ser somado à perda de gelo por processos dinâmicos como o desprendimento de icebergs e o fluxo de geleiras para o oceano.

Os fenômenos de derretimento do gelo estão diretamente ligados ao aquecimento global, com estudos recentes mostrando que o Ártico está aquecendo a quatro vezes a taxa média global devido ao aumento dos gases de efeito estufa. Os autores do estudo explicam que o derretimento aumentado está associado a episódios de calor extremo causados por massas de ar anticlônicas mais quentes e úmidas. Essas mudanças atmosféricas aumentam a radiação solar e reduzem o albedo do gelo, acelerando o aquecimento e o derretimento.

O albedo refere-se à capacidade do gelo e da neve de refletir a luz solar. É uma medida da proporção de radiação solar que é refletida de volta para o espaço em vez de ser absorvida pela superfície. O albedo é expresso como uma porcentagem, e superfícies com alto albedo refletem mais luz solar, enquanto superfícies com baixo albedo absorvem mais.

O derretimento do gelo da Groenlândia tem consequências globais, como o aumento do nível do mar e a influência nos padrões de circulação atmosférica, o que pode afetar o clima em todo o mundo, principalmente o europeu. Alterações nas temperaturas e nos padrões de precipitação podem impactar atividades socioeconômicas e ecossistemas, além de contribuir para extremos climáticos nas regiões próximas do Atlântico Norte. Os pesquisadores alertam para a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para mitigar os impactos da mudança climática nas próximas décadas.

Fonte: Um Só Planeta

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