Descobertos em 1976 na costa do Havaí, os tubarões-boca-grande (Megachasma pelagios) são considerados raros, com registros de apenas 50 indivíduos da espécie documentados em todo o mundo no intervalo de 1976 até 2010. Apesar disso, um estudo propõe que a espécie é, na verdade, mais disseminada do que se acreditava anteriormente. Em fevereiro deste ano, um exemplar foi capturado na costa da Tanzânia, na África Oriental, o que representou o sexto avistamento na costa do continente.
Estudos recentes passaram a abordar uma mudança notável na distribuição do animal pelo mundo. Com 273 registros confirmados em 16 países banhados pelos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, o tubarão-boca-grande parece conseguir prosperar em climas e ecossistemas diversos. Apesar do tamanho das grandes proporções — pode chegar a cinco metros de comprimento e pesar 750 quilos —, a espécie é listada como “menos preocupante” na Lista Vermelha da IUCN, ou seja, ele consegue driblar impactos de predação, de possível pesca ostensiva e, ainda assim, manter a espécie.
Com corpo cilíndrico e robusto, o tubarão-boca-grande tem uma forma que se assemelha a um girino. Ele apresenta uma estrutura flácida e cor marrom-escura, com grande cabeça, focinho redondo, uma boca colossal que se estende até a parte de trás dos olhos.
O primeiro exemplar com filhotes foi encontrado morto em uma praia das Filipinas, em dezembro de 2023, e ela tinha 5,5 metros de comprimento. Cada um dos filhotes não-nascidos foi expulso do corpo da mãe na areia, o que indica que a espécie, como a maioria dos tubarões, dá à luz a descendentes vivos, ao invés de botar ovos.
O episódio na Tanzânia despertou a curiosidade dos cientistas devido ao tamanho do animal que era vendido no mercado de Chole, na Ilha de Pemba, parte do Arquipélago de Zanzibar: com 170 centímetros, ele foi considerado o menor tubarão-boca-grande já encontrado no mundo. O caso levanta a hipótese de que os animais poderiam usar a região pela segurança reprodutiva.
A Tanzânia costuma pescar tubarões e arraias e consome a carne por ser um alimento relativamente barato na região. Segundo a Forbes, uma pesquisa da Wildlife Conservation Society, entre 2017 e 2023, cerca de 43 espécies de tubarões e 26 de arraias foram capturadas no país. O dado representa um aumento relevante se comparado aos resultados anteriores, o que atesta que a costa da África Oriental tem se mostrado um ponto de grande diversidade e segurança.
Fonte: Um Só Planeta