O aumento da temperatura da água nos oceanos e sua acidificação devido ao aumento de dióxido de carbono (CO2) no ar afeta peixes e animais invertebrados de forma mais acentuada do que se imaginava anteriormente. É o que mostra um estudo publicado na revista Nature Communications no último dia 3 de abril.
“Para compreender melhor o impacto global das mudanças climáticas em todo o mundo, os biólogos marinhos calculam seus efeitos em todas as espécies de peixes ou invertebrados agrupados”, explica Katharina Alter, principal autora do estudo, em comunicado.
“No entanto, os efeitos determinados em diferentes estudos individuais podem se anular mutuamente”, acrescenta a bióloga marinha do Instituto Real de Pesquisa Marinha dos Países Baixos (NIOZ), na Holanda. Por exemplo, entre os invertebrados, se os caracóis obtêm vantagens com uma mudança ambiental e os ouriços-do-mar sofrem com ela, pode-se concluir que o efeito geral para os invertebrados é zero, mesmo que esses animais tenham sido afetados.
No método de pesquisa desenvolvido nesse novo estudo, os resultados aparentemente contraditórios não são cancelados, mas usados para determinar as consequências da mudança climática na aptidão dos animais. Antes disso, sabia-se que peixes e animais invertebrados eram afetados pelo aquecimento do oceano e águas mais ácidas de três formas: chance de sobrevivência reduzida, aumento do metabolismo e enfraquecimento dos esqueletos dos invertebrados.
Com o uso do novo método, os pesquisadores descobriram que outras respostas biológicas são afetadas por essas mudanças. Principalmente fisiologia, reprodução, comportamento e desenvolvimento físico – aspectos que têm impacto sobre as estruturas do ecossistema marinho.
Os pesquisadores projetaram três cenários: aumento extremo, aumento moderado, na velocidade atual, e aumento atenuado. “Nossa nova abordagem sugere que, se o aquecimento e a acidificação dos oceanos continuarem na trajetória atual, até 100% dos processos biológicos em espécies de peixes e invertebrados serão afetados”, diz Alter.
Por outro lado, ela aponta que métodos de pesquisa anteriores encontraram alterações em apenas cerca de 20% e 25%, respectivamente. Ao considerar um cenário de baixo CO2 na atmosfera, seriam afetadas 50% das respostas em invertebrados e 30% em peixes.
Com esse método, é possível incluir uma ampla gama de respostas e detectar impactos que não seriam evidenciados em abordagens tradicionais. “O novo método de cálculo pondera o desvio significativo do estado atual, independentemente de sua direção, seja ela benéfica ou prejudicial, e o considera como impacto do aquecimento e da acidificação da água do mar”, afirma a pesquisadora.
Fonte: Um Só Planeta