Mais de 240 pessoas deram entrada em uma unidade de saúde no Litoral Norte de Alagoas após intoxicação por algas marinhas, em um fenômeno chamado “maré vermelha” (nome é dado porque as algas formadas ao longo da costa são de coloração avermelhada). Em Pernambuco, quase 300 casos foram registrados em Tamandaré.
A intoxicação pela “maré vermelha” atingiu na maioria turistas que estavam hospedados em um resort na Praia de Carro Quebrado, que fica na Barra de Santo Antônio, no litoral alagoano.
Na quinta (1º), foram registrados 191 casos de intoxicação, o número de banhistas contaminados subiu para 245 nesta sexta (2).
Fenômeno raro
O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o oceanógrafo Gabriel Le Campion, explicou que o fenômeno é raro e pode surgir em qualquer ponto ao longo da costa. A maré apareceu no litoral pernambucano na terça-feira (30).
“São florações normais, que podem ser tóxicas ou não. É um fenômeno raro e que não é frequente, pode ocorrer em qualquer lugar do litoral, ao longo da costa. Eles se multiplicam muito rápido. Fatores como clima muito quente, estiagem, facilitam ainda a mais o surgimento desses micro-organismos”, disse.
Segundo o professor, o desequilíbrio no meio ambiente pode causar o surgimento dessas algas.
“Elas precisam de nutrientes para se multiplicar e o homem pode interferir na formação dessas algas nocivas diante dos nutrientes que jogamos na água”, afirmou.
Fenômeno provoca problemas de saúde
Técnicos do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) estiveram na Praia de Carro Quebrado para fazer coleta da água em pontos da praia e identificar se no local havia proliferação das algas.
A recomendação do IMA é que o banho de mar seja evitado na região durante o prazo de 48h. Os banhistas também devem estar atentos para coloração e odor diferentes no mar.
Essas toxinas passam pelo ar, causando intoxicação, como ocorreu na Barra de Santo Antônio, por meio do spray das ondas.
As pessoas que respiram as toxinas apresentam sintomas como enjoo, dor de garganta, dor de estômago, tosse, coriza, obstrução nasal e sinais de conjuntivite, explicou o especialista.
O secretário de Meio Ambiente do município, Sérgio Silva, disse que as algas foram trazidas de Pernambuco para o litoral alagoano e que o contato das pessoas que sentiram sintomas teria se dado através do ar.
Em Pernambuco, na praia de Maracaípe, em Ipojuca, três pessoas foram hospitalizadas após serem intoxicadas. Outras banhistas também tiveram sintomas. Uma delas foi a promotora de eventos Paloma Brasil.
“Fiquei umas três horas na beira da praia, respirando essa maresia; fui dormir e, na segunda de manhã, acordei com dor no corpo, principalmente na lombar, e dor de cabeça, espirrando bastante, com tosse, com falta de ar, febre e diarreia”, contou.
E como a maré vermelha acaba?
Os micro-organismos se diluem na água e a concentração desses organismos diminui naturalmente. Depois de um tempo, eles continuam filtrando água até ficar livre da toxina.
O que diz o Ibama
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que segue monitorando o caso e aguarda novos dados e análises temporais do deslocamento dessas manchas de microalgas.
Fonte: G1