Enquanto exploravam uma praia em Auckland, na Nova Zelândia, cientistas marinhos da Universidade de Auckland se depararam com uma cena inusitada: um polvo literalmente pegando carona em um tubarão. A surpresa foi tanta que os pesquisadores registraram o momento em vídeo, que foi divulgado no perfil oficial da universidade na última sexta-feira (14).
A cena, que parece ter saído do filme “Procurando o Nemo”, da Disney, foi compartilhada entre um tubarão-mako (Isurus oxyrinchus) e um polvo-maori (Macroctopus maorum).
À primeira vista, os pesquisadores acreditaram que o tubarão carregava um tumor marrom-alaranjado na cabeça, o que levantou preocupações sobre sua saúde. No entanto, ao se aproximarem com um drone, a equipe finalmente percebeu a verdadeira natureza do fenômeno.
O registro foi feito durante uma expedição realizada em dezembro de 2023, com o objetivo de estudar a fauna marinha e as aves que habitam a região da Ilha Kawau, no Golfo de Hauraki. Essa área é reconhecida como um refúgio crucial para a reprodução de diversas espécies oceânicas, especialmente os tubarões-mako, que costumam habitar águas temperadas e frequentar zonas próximas a ilhas.
O tubarão que aparece no vídeo mede cerca de três metros de comprimento e parece indiferente à presença do polvo sobre seu corpo. Essa espécie pode alcançar até 4,3 metros de comprimento e pesar impressionantes 580 kg, sendo as fêmeas geralmente maiores que os machos. Já o polvo-maori, conhecido por sua estrutura robusta, pode atingir até dois metros de envergadura e pesar aproximadamente 12 quilos, o que o torna o maior polvo do Hemisfério Sul.
O tubarão deslizava tranquilamente pela superfície a uma velocidade de aproximadamente 10 km/h. A presença do polvo não chamou atenção apenas pela singularidade do encontro, mas também pelo contraste entre seus habitats.
“Um tubarão dando carona a um polvo é uma das coisas mais estranhas que já vi” disse Rochelle Constantine, cientista marinha da Universidade de Auckland, em um comentário no Instagram. “Esse “tubapolvo” no Golfo de Hauraki foi um achado misterioso… polvos geralmente vivem no fundo do mar, enquanto os tubarões-mako não costumam frequentar as profundezas.”
Os motivos que levaram o polvo a se agarrar ao tubarão — e como o predador aceitou essa carona inusitada — ainda permanecem um mistério. Para os pesquisadores, no entanto, a cena reforça a necessidade de preservar a região, que enfrenta desafios como o acúmulo de sedimentos no leito marinho, o carreamento de terra para o oceano e a pesca acidental e a caça de tubarões.
Além do tubarão-mako, uma espécie ameaçada de extinção, o Golfo de Hauraki abriga ou recebe visitantes ilustres, como os baleeiros-de-bronze, os tubarões-brancos e os tubarões-martelo, que utilizam a área como local de reprodução e berçário. “Temos todo tipo de coisa legal no Golfo de Hauraki. Você nunca sabe o que vai ver”, disse Constantine em entrevista ao portal neo-zelandês Stuff. “Esse encontro é um lembrete das maravilhas do oceano. Ao apoiar iniciativas de conservação, podemos ajudar a garantir que momentos tão extraordinários continuem acontecendo.”
Fonte: Um Só Planeta