Um biólogo que estuda o comportamento de Toninhas, o menor golfinho do Brasil, conseguiu um raro registro do momento em que uma mãe amamenta o filhote em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo. Segundo Daniel Danilewicz, autor da imagem, esse pode ser o único registro de amamentação da espécie de golfinhos no mundo.
“Provavelmente é o primeiro vídeo de amamentação de toninhas em vida livre no Brasil e no mundo. São animais muito tímidos e é difícil encontrá-los para estudo, ainda mais nessa situação. Foi incrível e emocionante”, conta.
O vídeo foi feito de drone na Praia das Toninhas, no dia 17 de novembro, mas divulgado no sábado (25). As imagens mostram quatro animais juntos. O menor – o filhote – aparece embaixo da mãe nos primeiros momentos, quando é amamentado.
De acordo com Danilewicz, praticamente todas as imagens mais reveladoras de Toninhas são feitas com equipamentos aéreos, ou em helicópteros, justamente por conta do comportamento discreto do animal.
“É muito difícil vê-las de perto. São animais tímidos e menos curiosos em relação a outros cetáceos (golfinhos e baleias, por exemplo). Se afastam de embarcação, raramente saltam. E muitos estão próximos de rios, águas barrentas, onde não dá para ver de cima”, explica.
Daniel Danilewicz é biólogo do projeto Costa das Toninhas, que estuda o comportamento e luta prela preservação do animal, considerado a espécie de golfinho mais ameaçada do continente.
Ele trabalha com a espécie há 30 anos. Há sete trabalha em Ubatuba, um dos locais que abriga uma população considerável de toninhas no Brasil. São entre 1,5 mil e 2 mil animais nas águas da cidade e adjacências, principalmente nas praias da Toninha, Praia Grande, Ponta Grossa e Ilha Anchieta.
“Estudamos o comportamento, a ecologia e a interação das toninhas em um dos únicos locais em que dá para estudar o animal com vida. Há poucos no mundo. Ubatuba é um laboratório a céu aberto, com muitos grupos residentes. Se conhece pouca coisa das toninhas e estamos aqui justamente para ampliar esse conhecimento”, disse.
“Temos notado muitas coisas interessantes. O que mais me chama atenção é a monogamia. Alguns casais podem ficar juntos mais de um ano. Vemos pais acompanhando as fêmeas com filhotes. São como famílias mesmos”, afirma.
Segundo o especialista, a espécie não é alvo de caça, mas tem sido muito ameaçada de extinção por captura acidental.
“Por algum motivo que ainda não conseguimos entender, as toninhas não detectam as redes de pesca de pescadores e, como são mamíferos, acabam morrendo afogadas. É um problema tanto para a toninha quanto para o pescador. Isso é muito comum e muito ruim”, alerta.
De acordo com o Instituto Argonauta, foram encontradas 265 toninhas mortas no Litoral Norte de São Paulo entre janeiro de 2018 e dezembro de 2022. Só no ano passado, foram 64. Neste ano, são 42.
As toninhas fazem parte da ordem dos cetáceos e são considerados os menores golfinhos do Brasil. Os animais têm hábitos costeiros e costumam viver em grupo.
Fonte: G1