A Operação LimpaOca, uma ação de limpeza promovida pela ONG Guardiões do Mar que engaja pescadores e catadores na retirada de lixo durante o período de defeso do caranguejo-uçá, vai ser implementada pela primeira vez na Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro
“Com o crescimento populacional da região do entorno da Baía de Sepetiba, a ocupação desordenada e o descarte incorreto do lixo aumentam. Com isso, achamos de fundamental importância levar a Operação LimpaOca e os conhecimentos adquiridos junto às comunidades tradicionais para mitigar esses efeitos”, destacou Rodrigo Gaião, gerente operacional da iniciativa.
A ação ainda tem outra função: garantir renda extra aos trabalhadores durante o período de defeso do caranguejo-uçá, de outubro a dezembro, quando é proibida a captura do crustáceo, uma das principais fontes financeiras para muitas comunidades tradicionais pesqueiras.
Nos três meses de limpeza, os pescadores e catadores de caranguejo receberão bolsa-auxílio para realizar a coleta dos resíduos durante duas manhãs semanais, com período de uma hora e meia cada.
Outra vantagem, de acordo com Pedro Belga, presidente da Guardiões do Mar, é que após o defeso, os profissionais poderão voltar a trabalhar com mais segurança nos manguezais, devido à retirada de materiais como ferro, seringas, vidros e diversos itens cortantes, que podem ocasionar graves acidentes.
“Muito além de catar lixo, são disseminados conhecimentos e promovemos boas práticas para esta parcela da sociedade que entende, na prática, que o manguezal, além da importância ambiental, é sua principal fonte de renda”, observou.
Previsão de mais quatro operações
Atualmente, o Projeto Do Mangue ao Mar também realiza uma Operação na ‘ilha de lixo’, formada na Baía de Guanabara. Iniciada em junho de 2023, com previsão de finalização em novembro, a força-tarefa já coletou, em pouco mais de 45 horas de trabalho, mais de 16 toneladas de lixo.
O programa ainda realizará mais duas atividades na Baía de Guanabara e duas na Baía de Sepetiba, durante os períodos de defeso do caranguejo-uçá, nos próximos 13 meses. Elas envolverão, no total, 126 pescadores e caranguejeiros, com previsão de retirada de 35 toneladas de resíduos.
“Com a retirada desse lixo dos manguezais, estamos contribuindo para que o ambiente realize os seus serviços ecossistêmicos de forma mais eficiente fomentando a sociobiodiversidade. E utilizando a mão de obra dos pescadores e catadores de caranguejo, também contribuímos com a socioeconomia”, concluiu Gaião.
Fonte: Um Só Planeta