O governo do Rio Grande do Sul investiga a morte de 552 mamíferos aquáticos, entre leões-marinhos e lobos-marinhos, cuja suspeita é de gripe aviária.
Os mamíferos morreram nas seguintes regiões onde há focos da doença:
- Cassino (leões-marinhos);
- Santa Vitória do Palmar (lobos e leões marinhos);
- Torres (leões marinhos).
Focos são áreas onde a gripe aviária é confirmada em um ou mais animais. Em São José do Norte, outro foco no Rio Grande do Sul, uma ave marinha morreu.
Os casos começaram a ser notificados no dia 30 de setembro, e tiveram o resultado positivo confirmado no dia 3 de outubro, de acordo com o governo.
A gripe aviária é atribuída a todos os animais encontrados mortos ou doentes, esclarece a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS. Não são feitos novos testes em animais de espécies em que a doença já foi detectada, segundo orientações do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Até o momento, não há contágio entre humanos ou animais de estimação.
Todos os animais precisam ser enterrados para evitar que o vírus se espalhe. O governo do estado alerta para que frequentadores de praias evitarem chegar perto de animais mortos ou doentes. Também é recomendado evitar levar animais domésticos para a beira da praia.
Ilha dos lobos
Em monitoramento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na Ilha dos Lobos, refúgio natural de animais marinhos na praia de Torres, 63 lobos e 2 leões marinhos foram avistados na semana passada. Todos aparentavam estar bem.
Nesta semana, porém, os animais não foram mais vistos. “Apesar da redução que nós vemos na ilha, nós não encontramos essa quantidade de animais mortos aqui nas nossas faixas de praia e municípios vizinhos, então por isso que a gente ainda não consegue precisar”, diz a bióloga marinha Helen Borges.
A redução pode estar relacionada com o período de migrações para outros litorais, segundo a especialista.
Na Praia do Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar, funcionários da prefeitura recolheram animais que não resistiram. “Esse problema já aconteceu em outros lugares das Américas, nos Estados Unidos, no Equador, Peru, no Chile, na Argentina e no Uruguai. É lamentável que isso ocorra, fico triste porque é um surto de dizima essa população de leões marinhos”, diz o diretor do Museu Oceanográfico da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), Lauro Barcellos.
As praias do RS são vizinhas do Uruguai, onde focos da gripe aviária também foram confirmados. Nesta época do ano, os leões e lobos marinhos migram para o Litoral Norte do RS.
Status não é alterado
Os casos de gripe aviária em animais marinhos não alteram o status do Brasil de país livre da influenza aviária junto à Organização Mundial de Saúde, já que não há registro da doença na produção comercial.
Em nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária esclarece que não contabiliza o número de animais, mas de focos identificados da doença. No cálculo do órgão, são três focos entre mamíferos marinhos, no RS e em SC.
O ministério também reforçou a orientação à população para evitar toca em aves ou mamíferos aquáticos doentes ou mortos, e ressaltou que não há risco no consumo de carnes de aves nem de ovos inspecionados.
Já o Ministério do Meio Ambiente afirmou, também por nota, que atua em conjunto com o Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura e Pecuária, além dos governos estaduais e municipais, para reduzir a disseminação do vírus.
Fonte: G1