Centenas de peixes aparecem mortos em praias do litoral de SP

Centenas de peixes apareceram mortos na faixa de areia de praias de Santos, no litoral de São Paulo, nesta quarta-feira (8). Imagens mostram os animais espalhados na beira do mar entre as praias do canal 2 e 3.

Uma moradora de 32 anos, que preferiu não se identificada, contou que costuma correr na praia do Gonzaga toda semana, mas se surpreendeu com a cena que encontrou nesta quarta-feira. “Foi triste de ver”, afirmou.

De acordo com ela, é comum notar um ou dois peixes mortos na areia, mas a mulher diz nunca viu essa quantidade de animais sem vida.

“Eram centenas de peixes, talvez passasse de mil porque tinham muitos na água também”, lamentou.

Centenas de peixes foram flagrados em praias de Santos (SP) (Foto: g1 Santos)

Hipótese

Com base nas imagens, o biólogo marinho Eric Comin acredita que grande parte dos peixes mortos são da espécie sardinha. Ele revelou que a aparição dos animais mortos pode ser uma consequência da pesca de arrasto (quando uma grande rede é arrastada por um barco). “Seria um descarte de captura, de repente não era o que eles [pescadores] queriam”, afirmou.

De acordo com o profissional, os peixes capturados e mortos durante a pesca de arrasto boiam e podem parar na praia durante a maré alta. “A maré a sobe, a onda joga [os peixes para areia], e depois agora que a maré abaixa, isso fica depositado na praia”, justificou.

Comin crê que a pesca de arrasto é a principal hipótese para o surgimento dos peixes. Ele não acredita que o fato tenha relação com as enchentes no Rio Grande do Sul devido à distância entre as localidades.

“Isso [aparição dos animais] também aconteceria em toda a costa de Santa Catarina e Paraná, por exemplo. A gente tem Ilha Comprida no caminho também, então eu acho que isso não interfere, não teria influência nenhuma”.

Segundo o biólogo, apesar da poluição marinha ser um grande problema, é improvável que a aparição dos peixes mortos seja reflexo dela. “Acho importante a gente salientar a questão própria de poluição marinha e acidificação dos oceanos. Isso tudo acaba tendo uma consequência em grande escala, mas eu não vejo isso como uma ocorrência para esse fato”.

O biólogo Ricardo Samelo também acredita na hipótese ser uma consequência da pesca de arrasto.

“Os peixes menores podem ter passado pela malha da rede. Normalmente, a pesca de arrasto é feita de madrugada, pois dribla a fiscalização, e os peixes acabam sendo encontrados na praia pela população ao amanhecer”, explicou.

Órgãos competentes

Peixes foram retirados da faixa de areia por um trator da Prefeitura de Santos (Foto: g1 Santos)

Nas imagens é possível ver um trator retirando os animais da faixa de areia. Conforme apurado pela reportagem, a limpeza foi uma iniciativa da Prefeitura de Santos por meio da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos.

Além disso, a administração municipal acionou órgãos ambientais. “Uma equipe da Secretaria de Meio Ambiente (Semam) esteve no local e acionou o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e a Polícia Ambiental, órgãos competentes pela fiscalização e investigação deste tipo de ocorrência”, informou, em nota.

Procurada pela reportagem, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que não foi acionada, mas ao tomar conhecimento do caso, a Agência Ambiental de Santos acionou a Semam para providências.

A Polícia Militar Ambiental Marítima afirmou que não foi acionada, mas realiza patrulhamentos ostensivos e preventivos nas águas da região para verificar as embarcações pesqueiras. O Ibama não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Fonte: G1

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