Branqueamento dos recifes de coral mostra graves mudanças na circulação oceânica

Em breve, os recifes de coral podem se tornar algo do passado. É o que sugere um novo estudo, publicado no periódico Oxford Open Climate Change, em 9 de maio. Elaborado por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, o novo artigo mostra que o branqueamento extensivo e as mortes de recifes de coral são generalizados em todo o mundo, escancarando as graves consequências do aquecimento global.

O ano de 2023 foi o mais quente já registrado na história em terra e nos oceanos. Análises meteorológicas mostraram temperaturas diárias extremas em 175 países, junto com os períodos mais longos de calor nos oceanos. No ano passado, também foi registrado o pior branqueamento de corais já registrado no Hemisfério Norte, com o Hemisfério Sul prestes a seguir a tendência de acordo com dados do início de 2024.

O fenômeno do branqueamento é causado principalmente pelas alterações na temperatura dos oceanos. Trata-se da perda de cor dos corais devido a ausência de pigmento das algas zooxantelas que vivem neles, que acaba sendo destruído em situações de estresse ambiental. Como consequência, o coral fica translúcido, com apenas sua calcificações visíveis.

Esse processo torna os corais mais vulneráveis a doenças e prejudica outros organismos que os habitam, como anêmonas e pequenos peixes.

Um coral branqueado na Jamaica, em outubro de 2023
Um coral branqueado na Jamaica, em outubro de 2023 (Foto: Sabine Hossenfelder/Oxford Open Climate Change)

Mudanças climáticas

Para quantificar o impacto das mudanças climáticas nos oceanos, os pesquisadores analisaram áreas críticas, apelidadas de hot spots (águas superficiais com uma temperatura excedendo um grau Celsius acima da média do mês mais quente naquela região), nos mares do Caribe, das costas leste e oeste do México e da América Central, Kiribati, Fiji, e o leste da Papua-Nova Guiné. Essas localidades foram escolhidas por terem apresentado grandes taxas de branqueamento e morte de corais.

Um acelerado transporte de calor dos trópicos para as regiões polares foi observado em 2023, o que ocasionou no derretimento do gelo polar e no aumento da estratificação térmica dos oceanos. Ou seja, a mistura de águas profundas e frias está diminuindo, o que fará a temperatura do mar subir mais rápido.

“A maior parte dos corais em todo o mundo foi morta e os sobreviventes não aguentam mais o aquecimento”, disse Thomas Goreau, autor do artigo, em comunicado. “O aumento repentino da temperatura global durante 2023 coloca os recifes de coral em ainda mais perigo e indica que mudanças em grande escala na circulação oceânica estão em curso.”

Fonte: Um Só Planeta

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