Um boto-cinza (Sotalia guianensis) recém-nascido foi encontrado morto em uma praia em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. De acordo com o Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), os ferimentos no corpo do animal indicam que ele morreu atropelado por embarcações marítimas.
O boto foi localizado por moradores na Praia da Trincheira, na região do Boqueirão Sul da Ilha, e recolhido no início de novembro para análises realizadas pela equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que é coordenado pelo IPeC.
Segundo o instituto, a conclusão de que o animal foi vítima de atropelamento reforça a necessidade da implantação de boas práticas náuticas e de turismo na região, pois elas garantem a segurança da comunidade, dos turistas e dos animais.
Em nota, o pesquisador Caio Louzada explicou que os ferimentos na região da cabeça do animal provavelmente foram causados por hélices de um motor. O profissional é coordenador do projeto Boto-Cinza, realizado pelo IPeC para conhecimento e conservação da espécie e do habitat.
De acordo com ele, acidentes graves não são frequentes em Ilha Comprida, que fica na região de Cananéia, mas algumas medidas preventivas são necessárias para evitá-los, principalmente porque a cidade se tornou uma das áreas mais importantes para a conservação da espécie no país, abrigando uma população de aproximadamente 400 botos-cinza.
“A região turística Lagamar, especialmente os estuários de Cananéia, é um dos melhores destinos no Brasil para observação do boto-cinza e um destino turístico cada vez mais procurado. O aproveitamento desse potencial deve ser feito de maneira sustentável e responsável”, destacou ele.
Boas práticas
Com objetivo de contribuir com boas práticas da atividade turística de observação dos animais, o projeto Boto-cinza promove capacitações com condutores de embarcações marítimas da região de Cananéia, além da criação de materiais educativos e orientativos.
“Com as pesquisas que realizamos há mais de 40 anos com a espécie na região, conseguimos contribuir com medidas que têm uma sólida base científica, considerando as especificidades da localidade. Isso permite, por exemplo, que a gente olhe para a conservação da espécie, mas também priorize o bem-estar humano e desenvolvimento econômico”, afirmou Caio Louzada.
No Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) estabelece regras para transitar com embarcações próximo a animais da fauna marinha, com objetivo de evitar acidentes.
Fonte: G1