Pesquisadores e mergulhadores do Litoral Norte de São Paulo encontraram nesta semana um cardume com mais de 100 tubarões no arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião.
O arquipélago fica a cerca de 40 quilômetros de distância da costa de São Sebastião, e é uma unidade conservação federal administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A grande concentração de animais foi registrada em um primeiro momento na segunda-feira (17). Na última terça (18), os pesquisadores e mergulhadores voltaram ao local e encontraram o cardume novamente.
Um dos integrantes do grupo é o oceanógrafo Geraldo de França Ottoni Neto, analista ambiental do ICMBio. Em entrevista, ele afirmou que o registro é extremamente raro.
“Encontramos os tubarões com espanto e alegria. Um cardume desse tamanho nunca foi visto no Brasil em um mergulho. Não conseguimos saber exatamente a quantidade de animais, mas a nossa estimativa é de que foram mais de 100, tranquilamente. Uma concentração dessa é rara”, explicou Geraldo.
O encontro aconteceu durante uma expedição do grupo, que frequentemente mergulha no mar de Alcatrazes para pesquisas e operações de fiscalização.
Em determinado momento, os mergulhadores viram o cardume. O tamanho dos animais encontrados variava entre um e dois metros. Ainda não se sabe qual a espécie, mas o grupo tem trabalhado para identifica-la.
“Encontramos os tubarões e decidimos parar para fazer vídeos para pesquisa e até para desmistificar esse medo que as pessoas têm desses animais. 99% dos tubarões tem uma dieta específica e comem apenas peixes. Ataques a humanos são muito raros.”
“É difícil identificar a espécie apenas observando. É necessário pegar o animal para ver as características com mais calma, mas estamos tentando. De qualquer forma, sabemos que são tubarões de um gênero que não oferece risco. Claro que para ficar perto deles é preciso ter atenção, conhecimento e cuidados, mas não houve qualquer ameaça”, completa Geraldo.
De acordo com o oceanógrafo, os tubarões do cardume são juvenis e vivem no arquipélago de Alcatrazes, que é uma unidade conservação federal – a pesca não é permitida na região.
Por conta disso, o ambiente marinho da ilha tem grande biodiversidade e grau de conservação, o que favorece um aumento no número de espécies e animais. Isso tem acontecido com os tubarões.
“O tubarão é um predador topo de cadeia. Se ele está em Alcatrazes, é porque tem comida, tem como ele se alimentar. Se não houvesse, ele não estaria aqui. Então o arquipélago tem muita oferta de alimento e, por isso, temos notado um aumento muito grande de tubarões. Neste caso do cardume, vimos muitos juvenis, o que também mostra que a região tem sido usada para reprodução.
Fonte: G1