Duas novas espécies de lula-pigmeu foram descobertas em ilhas subtropicais japonesas, e seus nomes são inspirados no folclore japonês. A descoberta foi publicada em outubro na revista Marine Biology.
Vivendo próximas a leitos de ervas marinhas e recifes de corais que compõem um dos ecossistemas de maior biodiversidade do planeta, a aparência e o comportamento dos animais reflete seus nomes científicos: Idiosepius kijimuna (a lula-pigmeu de Ryukyuan) e Kodama jujutsu (a lula-pigmeu de Hannan).
A primeira recebeu o nome kijimuna em homenagem às fadas baixas e de cabelo vermelho que se acredita viverem nas florestas de Okinawa. Pequenas e de coloração vermelha, essas lulas passam seu tempo em volta da vegetação dos leitos rasos de ervas marinhas perto da costa. A espécie foi descoberta em 2018, mas, segundo os pesquisadores, havia poucas espécies na época para que se pudesse escrever uma descrição formal.
Já a espécie jujutsu tem esse nome em alusão ao comportamento de caça da lula que se assemelha à arte marcial japonesa. “O jiu-jítsu gira em torno da luta e do uso da força do oponente, e a Kodama jujutsu caça camarões maiores do que ela, lutando com seus braços pequenos”, disse em comunicado Jeffrey Jolly, da Unidade de Mudanças Climáticas Marinhas do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa (OIST).
A espécie pertence a um gênero totalmente novo: Kodama recebeu esse nome em homenagem aos espíritos de cabeça redonda que dizem viver em árvores antigas, e sua presença seria um indicativo de uma floresta saudável. Já o nome “Hannan” é uma homenagem ao fotógrafo Brandon Ryan Hannan, o responsável por ter encontrado o animal agarrado à parte inferior de um recife de coral.
Procurando lulas
“Há tantas outras coisas para se observar que não é fácil encontrar uma lula pequena do tamanho de uma unha do mindinho”, declarou Jolly a respeito dos recifes de corais, onde vivem as lulas de Hannan. O maior exemplar examinado das espécies media apenas 12 milímetros de comprimento – menos que uma agulha de costura.
Além disso, elas são noturnas, e Ryukyuan aparece somente no inverno – seu paradeiro no verão ainda é um mistério. “A taxonomia não é tão chamativa quanto outras ciências, mas, ao nomear e caracterizar as espécies, ela destaca a incrível diversidade da vida nos oceanos e é um lembrete de que há muito que ainda não sabemos”, lembrou Jolly.
Seus habitats naturais, contudo, têm sido ameaçados especialmente devido às mudanças climáticas responsáveis pelo aquecimento das águas oceânicas e consequente branqueamento dos corais.
Fonte: Um Só Planeta