Um grupo de pesquisadores analisou um arrecife de corais próximo à Ilha da Queimada Grande, conhecida como a segunda com maior densidade de serpentes do mundo, e constatou que está saudável, que as atividades recreativas comuns naquela região, entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral de São Paulo, não prejudicaram as formações
A possibilidade de conciliar a conservação e atividades recreativas na Ilha da Queimada Grande foram estudadas como tese de mestrado do pesquisador Willians Niz. Segundo ele, o mapeamento mostrou que dois tipos de pesca recreativa, além do mergulho contemplativo são realizados no local.
Para esse mapeamento, o professor do Instituto do Mar (IMar) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Guilherme Pereira Filho, disse que foram realizadas entrevistas com pesquisadores e mergulhadores que frequentam a Ilha. Além do uso de técnicas de imagem subaquáticas.
Niz afirmou que a descoberta da presença de corais na Ilha da Queimada Grande em 2019 fez com que os cuidados com a região aumentarem. “A ideia era avaliar quais atividades estavam acontecendo ali para a gente tentar entender qual o risco [que o arrecife de corais] estava sofrendo”, disse ele.
Para Pereira Filho, o resultado da pesquisa traz uma modelagem que mostra as diferentes formas de gerir essa área de turismo buscando o menor impacto ambiental possível.
Segundo Niz, durante a pesquisa ficou evidente que as atividades recreativas são realizadas há mais de 20 anos no local e que, além da conservação do arrecife, é importante mantê-las devido a importância cultural.
O estudo também mostrou que seria essencial o manejo efetivo da área por parte da Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro (Apamlc) e da Fundação Florestal. “A gente percebeu que é possível acontecer essa relação entre conservação do ambiente e das atividades”.
A gestora da Apamlc, Maria Lanza, afirmou que a descoberta de arrecifes na Ilha trouxe um elemento fático à criação de uma Área de Interesse Turístico, incorporada na versão final do Plano de Manejo, publicada em 2020.
Segundo o diretor regional da Fundação Florestal, Diego Hernandes, a pesquisa é um exemplo de ciência transformadora.
“Ao quantificar e modelar os potenciais impactos das atividades turísticas na Ilha da Queimada Grande, estamos dando passos significativos em direção ao alcance das metas de gestão desta importante Unidade de Conservação no litoral de São Paulo”.
Filho explicou a importância dos corais nos locais em que ocorrem e formam recifes. “É como se fossem tijolos e na medida em que vão sendo sobrepostos formam paredes e essas construções aumentam a complexidade do fundo, que vai produzir espaços para invertebrados promoverem diversidade”.
Fonte: G1