Dia mundial das águas-vivas: Reino Unido tem boom no número de medusas com mares mais quentes

Nesta sexta-feira (03) é celebrado o dia mundial das águas-vivas, estas criaturas misteriosas compostas principalmente por água, e que, apesar de serem animais, não têm cérebro, sangue ou ossos centralizados. No Reino Unido, conhecido por suas águas frias, as populações de medusas variam naturalmente ao longo do tempo. Mas as mudanças climáticas que aquecem os oceanos no mundo todo vêm criando condições favoráveis para que o esporádico seja cada vez mais comum em mares britânicos. De outubro de 2022 a setembro de 2023, os avistamentos de águas-vivas por lá aumentaram 32% na comparação com o mesmo período anterior.

Água-viva ‘barril’, que teve 467 avistamentos no Reino Unido, pode chegar a mais de 1 m de diâmetro.

De acordo com os dados, a maioria destes animais pré-históricos (sim, as águas-vivas existem há mais de 500 milhões de anos – antes dos dinossauros) foi vista na costa oeste do Reino Unido, especialmente na Cornualha e no País de Gales. E 11% pertenciam a grupos grandes, com mais de 100 indivíduos. “Esta pesquisa nos dá uma indicação do que está acontecendo nos nossos mares com as mudanças climáticas”, disse à BBC o Dr. Peter Richardson.

A Dra. Abigail McQuatters-Gollop, especialista em plâncton da Universidade de Plymouth, concorda que há uma abundância de medusas este ano. Ela conta que mergulhou todos os dias em agosto deste ano e diz que nunca tinha visto tantas águas-vivas, incluindo a água-viva cristal – que ela nunca tinha visto antes no Reino Unido. Esta criatura normalmente vive em águas mais quentes, mas o clima quente deste verão europeu criou boas condições marinhas para que o animal prosperasse em águas tradicionalmente mais frias.

Os cientistas dizem que muitas espécies marinhas mudarão a sua distribuição migrando para o norte ao longo do tempo, à medida que as águas do planeta aquecem. “Mas não sabemos se os números elevados deste verão são uma tendência natural de longo prazo ou estão ligados às ondas de calor marinhas. Há falta de investigação – temos de fazer mais estudos”, disse McQuatters-Gollop. A longo prazo, prevê-se que os mares mais quentes do Reino Unido alterem também as populações de peixes, à medida que a presença dos alimentos das espécies como o bacalhau, por exemplo, mudarão.

O “retrato” mais recente da alta do termômetro marinho, divulgado no mês passado no Ocean State Report, aponta que, em 2023, a superfície do mar atingiu a temperatura média recorde de 21,1ºC, superando o recorde anterior, de 2016, e que várias áreas do oceano global sofreram ondas de calor marinhas intensas ao longo do ano. O aumento histórico da temperatura está provocando impactos negativos no clima, na biodiversidade e nas sociedades.

Elaborado com contribuições de mais de 80 especialistas de 30 instituições em 14 países, o Ocean State Report 7 indica que as ondas de calor marinhas estão se tornando mais comuns, o que ameaça alterar permanentemente os habitats naturais oceânicos e as cadeias alimentares, afetando todo o ecossistema. Além de prejudicar muitas espécies, o fenômeno afeta atividades humanas que dependem da saúde dos oceanos. O estudo é elaborado anualmente pelo Copernicus Marine Service, que fornece informações de referência regulares e sistemáticas sobre o estado do oceano físico e biogeoquímico em escala global.

Fonte: Um Só Planeta

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