Os tubarões representam dois terços das espécies visadas pelo mercado de barbatanas e a maioria está ameaçada de extinção pela prática. Um estudo mostra que a sua população nos oceanos diminuiu mais de 70% em apenas 50 anos e segundo os cientistas, a razão é resultado direto da sobrepesca e do comércio internacional não regulamentado.
Em busca de uma solução para o problema ambiental, a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cities) – que engloba 186 nações – votou pela primeira vez para regular e limitar esse comércio, responsável por matar milhares desses animais todos os anos e prejudicar a biodiversidade marinha.
A proposta apresentada pelo Panamá e apoiada por outros 40 países foi considerada histórica por ambientalistas e oferece proteção a 54 espécies da família “requiem”, que inclui os tubarões tigre, touro e azul, os mais visados por esse mercado – que movimenta aproximadamente meio bilhão de dólares.
“Agora, finalmente, o comércio profundamente insustentável de barbatanas de tubarão será totalmente regulamentado”, disse Luke Warwick, diretor de conservação de tubarões e raias da Wildlife Conservation Society, ao jornal The Guardian.
A nova decisão exige que os países assegurem a legalidade e a sustentabilidade da atividade, antes de autorizar as exportações dessas espécies. Dessa forma, quase todas as remessas de barbatanas de exigiriam a licença ou certificado Cites ambientalmente correto. “As novas proteções lhes dariam uma chance de se recuperar e mudarão para sempre a maneira como os predadores oceânicos do mundo são gerenciados e protegidos”, destacou Warwick.
Apesar de aprovada, a decisão sofreu oposição de alguns membros. O Japão apresentou uma emenda para remover as 35 espécies de tubarão que não estavam ameaçadas ou criticamente ameaçadas da proposta original e o Peru solicitou a remoção do tubarão azul.
No entanto, as emendas não obtiveram os votos necessários e a proposta inicial foi aprovada sem nenhuma alteração. Isso significa que todas as medidas são obrigatórias para as nações participantes e estas terão um ano para adaptar seus regulamentos sobre a pesca desses tubarões.
Em 2021, as importações de barbatanas do Equador para o Peru – o maior exportador de barbatanas das Américas – atingiram o dobro dos níveis pré-pandêmicos e contaram com irregularidades, segundo uma pesquisa da Oceana Peru. Este caso e outros foram levados para conhecimento do comitê permanente da Cites para “mais investigação e recomendações”. Segundo a cities, uma violação nos regulamentos pode ocasionar “fechamento temporário do comércio de todas as espécies listadas”.
Fonte: Um Só Planeta