Um estudo norte-americano, publicado na última semana pela revista Environmental Research Letters, aponta que a cidade de Santos, no litoral de São Paulo, pode ser totalmente invadida pelo mar nos próximos anos por conta do aumento do nível dos oceanos. De acordo com a engenheira ambiental Luiza Amâncio, a situação do município da Baixada Santista é de total alerta porque os efeitos poderão começar a ser sentidos até 2050.
“Já passamos do ponto de retorno. Essa situação vai chegar um dia. O que tem que ser feito com urgência são ações para minimizar e atrasar esses impactos”, explica a especialista.
A Climate Central é uma organização sem fins lucrativos norte-americana que analisa e informa sobre mudanças climáticas e seus efeitos pelo mundo. Segundo projeção feita pela organização, cidades costeiras do mundo todo podem chegar aos níveis ilustrados em questão de anos caso ações nas próximas décadas não sejam tomadas. Uma das cidades ilustradas foi Santos, no litoral de São Paulo.
Segundo dados do estudo, em alguns cenários investigados a temperatura poderá aumentar até quatro graus por conta do aquecimento global. Com isso, pelo menos 50 grandes cidades, principalmente na Ásia, seriam afetadas, enfrentando perdas de áreas existentes de parciais a até quase totais em alguns casos.
A engenheira ambiental Luiza Amâncio comenta que em Santos esses impactos podem começar a surgir já em 2050 caso ações contra o aquecimento global não comecem a ser tomadas de forma imediata e com consistência. Ela acrescenta que a região do bairro Ponta da Praia seria a primeira a ser afetada e que ficaria totalmente alagada.
A engenheira ambiental explica que o aumento do nível dos oceanos e mares se dá principalmente pela dilatação da água, que acontece principalmente pelo aumento da retenção de calor gerado na atmosfera pelo gás carbônico. Outros fatores como o derretimento das calotas polares e armazenamento de águas nos continentes também influenciam, mas em menor proporção.
A especialista diz, ainda, que existem problemas que são gerais e atingem cidades costeiras do mundo inteiro e problemas regionais. Estes, se planejados e executados de forma rápida, podem reduzir ou minimizar os impactos dos problemas nas cidades.
Luíza comenta que Santos é uma das cidades pioneiras no planejamento preventivo de ações para conter os impactos do aumento dos níveis dos mares. Como exemplo, ela cita as barreiras de contenção que foram feitas no município para diminuir os efeitos das ressacas, que começaram a ser mais fortes nos últimos anos e provocaram grande destruição.
A engenheira ambiental pontua, entretanto, que questões importantes para a eficácia na redução dos impactos do aumento do nível do mar ainda estão pendentes. O escoamento das águas de chuvas e mudanças no setor industrial são alguns desses fatores.
A especialista comenta, também, que a adequação da forma como indústrias da região expelem gás carbônico na atmosfera é de extrema importância, devido ao impacto dos gases de efeito estufa na dilatação térmica das águas.
“Se nada for feito agora, a situação da projeção vai acontecer logo”, diz.
Amâncio reitera a importância de ações serem feitas em conjunto para atingir um resultado eficaz. Ela comenta que ações municipais também são importantes, mas que, no geral, os impactos atingem o mundo todo. Por isso, não basta apenas uma cidade criar planos de ação para conter os impactos do aumento do nível do mar, mas todas devem trabalhar em conjunto para o resultado ser melhor a todos.
Fonte: G1 – Foto: Reprodução/Climate Central