Julho foi o mês mais quente já registrado, com temperatura média 0,3º C superior que o recorde anterior, batendo a marca de 1,5ºC acima da era pré-industrial, entre 1850 e 1900, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) e o Serviço Copernicus de Mudanças Climáticas, ligado à União Europeia (UE).
O calor recorde neste verão do hemisfério norte foi alimentado pelo El Niño, fenômeno climático intensificado pelo aquecimento da superfície dos oceanos. Além disso, os cientistas não têm dúvidas de que a principal causa do calor extremo é a crise climática causada pela queima de carvão, petróleo e gás natural, e o desmatamento, que geram altas emissões de gases efeito estufa, vilões do aquecimento global.
Mas os especialistas em clima estão estudando quais outros fatores podem estar em ação, como o transporte marítimo e a atividade vulcânica, de acordo com reportagem do Euro News Green.
O nível de aquecimento pode ser cinco a 10 vezes mais forte em áreas de alta navegação, como o Atlântico Norte. Os transportes marítimos utilizam combustível fóssil, cuja emissão de partículas refletem a luz solar em um processo que esfria o clima e mascara parte do aquecimento global. Em 2020, regras internacionais entraram em vigor e cortaram até 80% dessas partículas de resfriamento.
Turistas escapam do calor do verão na área cênica de Nansha de Zhujiajian na cidade de Zhoushan, província de Zhejiang, China, 16 de julho de 2023. CFOTO/Future Publishing via Getty Images
A explosão do vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha’apai no Pacífico Sul em janeiro de 2022 enviou mais de 150 milhões de toneladas de um gás de efeito estufa na forma de vapor para a atmosfera, além de outras 500 mil toneladas métricas de dióxido de enxofre, agravando os efeitos climáticos.
Alguns estudos usam modelos de computador para mostrar um efeito de aquecimento de todo esse vapor de água. Um estudo inédito, que ainda precisa passar pela revisão de pares, sugere que o aquecimento causado pelo vulcão pode variar de até 1,5°C de aquecimento adicional em alguns lugares a 1°C de resfriamento em outros lugares.
Grandes erupções vulcânicas soltam enxofre, um gás que traz um efeito de resfriamento temporário, junto com outras partículas que refletem a luz solar, no entanto o vulcão submarino em questão jorrou uma quantidade anormalmente alta de vapor e baixa quantidade de enxofre refrescante.
Uma terceira causa extra, menos provável, também vem sendo estudada. Nuvens de poeira vindas da África, especialmente devido ao deserto do Saara, também esfriam temporariamente a atmosfera, como a poluição de enxofre, mas essa poeira foi escassa.
Ainda assim, os cientistas dizem que a mudança climática causada pelo homem, com o impulso extra do El Niño, é suficiente para explicar as temperaturas recentes.
Fonte: Um Só Planeta