O programa santista de identificação das fontes de resíduos marinhos, pioneiro e referência no Brasil no combate ao lixo no mar, foi destaque na programação da 14ª Conferência Anual da Rede de Cidades Criativas da Unesco nesta terça-feira (19).
Nesta manhã, na Praia do Gonzaga, cerca de 300 participantes do evento global conheceram, na prática, um dos métodos de limpeza das praias santistas. Dotados de luvas, sacolas de papel e acompanhados por representantes da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), eles percorreram a faixa de areia entre a Praça das Bandeiras e o canal 3 em busca de resíduos. A ação contou com o apoio do Instituto Mar Azul.
Após 30 minutos de atividade em uma área de aproximadamente 500 metros, os participantes coletaram 9.716 itens, totalizando 33 quilos de resíduos, sendo 6 mil plásticos diversos, 1.500 bitucas, 960 isopores, 201 metais, além de 1.055 outros tipos de detritos.
Presente no evento, o prefeito Rogério Santos destacou o simbolismo da ação no Gonzaga e a importância da Cidade no cenário socioambiental. “Santos é uma cidade que cumpre com suas metas e programas socioambientais. E começar na praia as atividades desse evento global, que está pela primeira vez na América Latina, é significativo. Demonstra o nosso respeito ao planeta e ficamos orgulhosos pelo reconhecimento da Unesco”, destacou o chefe do Executivo, lembrando ainda que o Município é o melhor do País em saneamento em Ranking de Competitividade.
INTERCÂMBIO
Representando a cidade de Bida, na Nigéria, Francis Sokomba participou da atividade nas areias da Praia do Gonzaga. Para a autoridade nigeriana, ações como essa que fazem parte do programa santista são inspiradoras.
“A sustentabilidade é a chave para vivermos em um planeta ideal. Precisamos cuidar do nosso meio ambiente da melhor forma possível. Essa ação na praia é um exemplo inspirador para os representantes de todos os países que estão aqui”, ressaltou Sokomba.
Já o prefeito da cidade japonesa de Asahikawa, Hirosuke Imazu, parabenizou o conceito do programa santista. “A ideia de Santos usar o mar como porta de entrada para pensar os problemas ambientais é muito interessante. O mar conecta nossos dois países e sabemos que a preservação dele é essencial para o equilíbrio da humanidade”.
Ele ainda lembrou do ‘ciclo do lixo’ na natureza: “Um peixe come um plástico e, tempos depois, uma ave se alimenta desse peixe. O animal acaba morrendo e todo esse cenário representa um grande risco para o nosso meio ambiente”, concluiu Imazu.
PROGRAMA
Idealizado em Santos desde 2017, o Programa de Identificação das Fontes de Resíduos Marinhos criou uma metodologia de análise, em parceria com a Abrelpe, a International Solid Waste Association (ISWA) e a Agência Ambiental da Suécia, que se tornou modelo. Atualmente ele é aplicado em 20 cidades brasileiras, além de três países (Colômbia, Costa Rica e República Dominicana).
A coleta de informações, por imagens e amostragem, formou um banco de dados com detalhes sobre o tipo de material que está vazando, sua origem e o destino ao ser lançado irregularmente. Após cinco anos de operação e baseado em arqueologia, o método santista já identificou mais de 90 tipos de itens descartados incorretamente.
CONFERÊNCIA
A 14ª Conferência Anual da Rede de Cidades Criativas da Unesco vai até sexta e é realizada pela Unesco, em colaboração com a cidade-sede Santos e apoio do Santos Convention & Visitors Bureau.
Fonte: PMS – Fotos: Isabela Carrari/PMS
