Recuperação da Grande Barreira de Corais estagnou, afirma Unesco, mas governo australiano comemora pequeno avanço

Uma das consequências do atual recorde de aquecimento da temperatura média da superfície dos oceanos é a destruição de corais. A avaliação geral é que a recuperação da Grande Barreira de Corais, na Austrália, estagnou apesar de algumas melhorias recentes na cobertura de corais em rápido crescimento.

Maior sistema de recifes de corais do mundo, com 2.300 quilômetros de extensão, a região vem sendo monitorada há 36 anos como um patrimônio da humanidade pela Unesco, agência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Ela sofreu quatro eventos de branqueamento em massa de corais desde 2016. Antes disso, apenas dois eventos de branqueamento em massa haviam sido registrados.

A Unesco diz que o país deu passos positivos nas ações sobre o clima e na gestão da pesca, o que fez o governo australiano rapidamente declarar vitória. Um comunicado oficial diz que a posição da Unesco reflete que o governo está “trabalhando duro para proteger o recife e que o resto do mundo percebeu”. Na região, mais de 60.000 pessoas dependem do recife para trabalhar.

Grande Barreira de Corais da Austrália (Foto: Reprodução)

Trata-se, no entanto, de uma vitória política de curto prazo. Os resultados das últimas pesquisas anuais de mais de 100 recifes individuais mostraram uma pequena queda na cobertura de corais. Cientistas especializados em recifes, bem como o Instituto Australiano de Ciências Marinhas alertam que o El Niño pode aumentar o risco de outro evento de branqueamento em massa quando o verão chegar no Hemisfério Sul.

No Hemisfério Norte, o verão está mais quente por conta do fenômeno climático combinado ao aquecimento global e outros possíveis fatores. Os corais do arquipélago de Florida Keys, nos Estados Unidos, submetidos a uma temperatura extraordinária de 38ºC da água estão branqueando a um ritmo alarmante.

A exposição à água quente por muito tempo separa os corais das algas que vivem dentro deles e fornecem grande parte dos nutrientes que lhes conferem a cor. A recuperação é possível se as temperaturas não forem muito extremas, no entanto os corais ficam suscetíveis a doenças e ataques de estrelas-do-mar coroa-de-espinhos.

Cerca de um quarto de todos os peixes dependem do ecossistema de corais para se alimentar. Além disso, os recifes protegem as regiões costeiras da erosão e desempenham um papel econômico essencial para as comunidades, com a pesca e o turismo.

Ele disse que a recuperação nos últimos anos foi “definitivamente uma boa notícia”, mas isso “pode mudar muito rapidamente com outro evento de branqueamento em massa, e ainda há o risco de estrelas-do-mar coroa-de-espinhos e doenças de corais”.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), mais de 99% dos recifes de coral diminuirão se o aumento da temperatura média do planeta atingir 2ºC acima da era pré-industrial, entre 1850 e 1900. Já estamos em 1,2º C acima, e durante julho, o mês mais quente da história, a temperatura média ficou 1,5º C acima.

Fonte: Um Só Planeta

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