O radar meteorológico de R$ 10 milhões, que deve monitorar áreas de deslizamentos no Litoral Norte de São Paulo, iniciou uma operação prévia e passou por testes nesta semana em Ilhabela.
O aparelho, que chegou ao Brasil na última sexta-feira (17), em Santos (SP), foi transportado pela Defesa Civil no sábado (18) à Ilhabela. Nesta semana, ele foi posicionado em uma área da Ponta da Sela, no lado oeste da cidade.
De acordo com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), nos primeiros dias na cidade, o radar passou por alguns testes para a geração de dados. Todos os testes aos quais o aparelho foi submetido foram bem-sucedidos.
O equipamento será operado por pesquisadores da própria Unesp, que ainda estão passando por treinamento para conseguirem manusear totalmente o radar. No entanto, desde segunda-feira (20) o radar já auxilia a Defesa Civil com os dados.
Como vai funcionar
O equipamento deve gerar dados meteorológicos sobre áreas de municípios do litoral norte. Esses dados serão enviados ao Centro de Meteorologia (IPMet) da Faculdade de Ciências do campus de Bauru da Unesp, que deve processar o levantamento e, em seguida, compartilhar os dados com a Defesa Civil estadual, responsável pela emissão de alertas à população que vive em áreas de risco com base na previsão meteorológica.
O radar terá um alcance de até 120 km. No entanto, a configuração atual do aparelho, estabelecida pelos pesquisadores, é de 50 km. Segundo a Unesp, a configuração proporciona uma maior sensibilidade na captação dos dados.
Além do alcance de 120 km, o equipamento, de fabricação norte-americana, possui 500 watts de potência e uma antena de 1,80 m. O aparelho deve entrar em pleno funcionamento a partir de dezembro.
Escolha do local
Segundo a Unesp, a Ponta da Sela, em Ilhabela, foi o local escolhido para abrigar o radar meteorológico milionário até setembro de 2024.
O local, segundo a Universidade, foi avaliado e proposto de forma conjunta pelo Instituto de Estudos Avançados do Mar e pelo Centro de Meteorologia do IPMet, ambos da Unesp, e pela Defesa Civil do Estado de São Paulo.
O estudo prévio para a escolha do local do radar levou em consideração a menor área de bloqueio para a obtenção da melhor visada para o canal de interesse, entre as cidades de São Sebastião e Bertioga.
O terreno escolhido é particular e foi cedido para o trabalho de monitoramento pelo proprietário.
Ponto cego
Meteorologistas identificaram, após a tragédia que atingiu São Sebastião, no litoral norte, em fevereiro deste ano, a existência de um ‘ponto cego’, localizado entre a Serra do Mar e a planície costeira de São Sebastião.
Esse local é justamente onde os radares meteorológicos localizados no interior de SP não conseguem monitorar adequadamente. Segundo a Unesp, a falha nesse monitoramento é devido às condições do relevo, o que acaba dificultando a geração de alertas na região.
Fonte: G1