Procura-se um amor submarino: projeto promove “dates” para aumentar população de conchas-rainha na Flórida

A população de conchas-rainha da Flórida, antes prevalente em todo o Caribe, Golfo do México e ao redor das Bermudas, caiu de 700 mil em 2017 para 126 mil em 2022, segundo a Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida (FWC, na sigla em inglês).

Na tentativa de elevar esse número e fazer a espécie de caramujo se reproduzir, a entidade, apoiada pela organização Fish and Wildlife Foundation of Florida, está promovendo um serviço de encontros submarinos. “As conchas costeiras estão destinadas a uma vida de celibato, e estamos tentando consertar isso”, disse o cientista Gabriel Delgado, que supervisionou a realocação de 208 unidades da costa perto da cidade de Marathon para um recife offshore em Upper Keys.

Delgado relatou que o projeto pretende ser um passo vital para preservar e restaurar o molusco que, em fevereiro, foi listado como ameaçado pelo governo dos Estados Unidos. Dentre os fatores que contribuíram para isso estão os furacões Irma, de 2017, e Ian, de 2022 – esses fenômenos meteorológicos sufocaram e mataram grandes números de conchas-rainhas – e a caça ilegal.

Mas o principal problema é o aumento do calor. No ano passado, a temperatura da superfície de Florida Keys foi de 38,43C), o que se acredita ser um recorde global. “Estamos lidando com águas muito rasas, muito frias no inverno, ok na primavera e muito quentes no verão”, comentou Delgado. “Os animais desligam. Em vez de entrarem em reprodução, eles desviam sua energia basicamente para a sobrevivência e nunca desenvolvem seus órgãos reprodutivos muito bem”, disse ao The Guardian.

Conchas-rainha (Foto: Jennifer Doerr, Noaa SEFSC Galveston)

Ajuda da comunidade

A ideia de realocação, surgiu de experimentos semelhantes, mas em menor escala, realizados há algus anos. Neles, conchas costeiras foram movidas para agregações de reprodução offshore.

“Elas estavam acasalando, estavam botando ovos, mas infelizmente não fizemos um acompanhamento no ano seguinte para ver se eram indistinguíveis da concha nativa da costa”, observou Delgado.

O projeto atual contou com a ajuda da comunidade para encontrar os moluscos. “Pedimos ao público para ficar de olho. Eles as relataram online, algumas pessoas enviaram e-mails e usamos voluntários da comunidade para reunir as 208 que movemos em junho”, acrescentou o cientista da FWC.

A equipe envolvida fez a primeira de pelo menos 12 verificações mensais nas conchas realocadas em meados de agosto e foi encorajada ao descobrir que todas ainda estavam lá. “Até agora, as coisas estão indo como esperado, dado o curto período de tempo. [Em visitas futuras] iremos registrar quem está acasalando, quem está botando ovos”, completou o especialista.

Fonte: G1

Compartilhe
Facebook
Twitter
WhatsApp

Notícias relacionadas