O ano de 2023 foi o mais quente desde que os registros da temperatura atmosférica global começaram em 1850, com 1,18°C acima da média do século 20, que foi de 13,9°C. Passados alguns meses da consolidação deste dado, uma nova análise liderada por cientistas da NOAA, agência americana para o clima e os oceanos, examina as temperaturas médias globais da superfície do mar, que também atingiram um recorde no ano passado.
O calor nos oceanos foi associado a ondas de calor extremamente fortes nos mares, tanto que os autores as apelidaram de “superondas de calor marinhas” (SMHW, sigla para “super-marine heatwaves”, no inglês).
Ondas de calor podem ter impactos significativos na vida oceânica, destaca a NOAA, incluindo colapso de espécies de peixes e mortes de corais. Para ser considerada uma superonda, a temperatura da água do mar deve ser mais quente do que 90% das observações anteriores para uma determinada época do ano.
Segundo os pesquisadores, as superondas de calor podem ocorrer em todo o mundo, incluindo na zona do Ártico. Os autores do artigo documentaram SMHWs ocorrendo em 2023 no Pacífico tropical, no Pacífico Norte, no Atlântico tropical, no Atlântico Norte, ao sul da Groenlândia, na zona costeira do Ártico, no Oceano Índico ocidental e no Oceano Antártico.
Segundo os cientistas, há muitos impactos nos sistemas climáticos da Terra associados à temperatura recorde da superfície do oceano, um deles sendo o aumento da força e a rápida intensificação dos furacões.
As águas quentes no mar fornecem combustível para as tempestades, como o ocorrido com o furacão Beryl, que se intensificou em um tempo muito curto de uma tempestade tropical para um furacão de categoria 5, causando estragos nos Estados Unidos e Caribe.
Superondas são tendência, afirmam pesquisadores
A temperatura da superfície do mar é a fonte essencial para a medição feita pela NOAA. Os dados são coletados por observações de satélite ou navios, boias e drones aquáticos.
As médias diárias de temperatura da superfície do mar começaram a quebrar recordes sazonais históricos em março de 2023, e continuaram fora da curva até o início do verão de 2024, observa a agência.
Um recorde histórico foi estabelecido em 4 de abril (18,83°C), e novamente quebrado de 16 de julho a 21 de agosto do ano passado (19°C).
O estudo publicado atribui as superondas de calor marinho a uma tendência de aquecimento de longo prazo associada ao aumento de gases de efeito estufa, além de uma mudança para a fase quente no sistema Pacífico-Atlântico-Ártico e um aquecimento associado à transição dos eventos La Niña de 2020–23 para o evento El Niño de 2023–24.
“O impacto dos dois primeiros fatores sugere altas temperaturas de superfície no futuro, particularmente no verão do Hemisfério Norte”, afirma Boyin Huang, oceanógrafo da NOAA e autor principal do artigo.
Fonte: Um Só Planeta