Nativo do Atlântico Norte, papagaio-do-mar pode atingir até 80 km/h em voo

Pertencente à mesma ordem dos quero-queros (Charadriiformes), o papagaio-do-mar (Fratercula arctica) ocorre no Atlântico Norte, da costa nordeste dos Estados Unidos até a Europa.

A família Alcidae possui 12 gêneros, entre os quais o do papagaio-do-mar. O gênero Fratercula contém três espécies do animal: Fratercula arcticaFratercula cirrhata e Fratercula corniculata. As duas últimas ocorrem apenas no Oceano Pacífico, entre o litoral da Rússia e a costa oeste da América do Norte.

À esquerda, foto do papagaio-do-mar-de-penachos (Fratercula cirrhata). À direita, registro do papagaio-do-mar-de-chifres (Fratercula corniculata) (Foto: diomedea_exulans_li / iNaturalist)

Para auxiliar no nado submerso, os indíviduos da espécie possuem dedos dos pés unidos por uma membrada especial. A plumagem, escura no dorso e clara no peito, ajuda na proteção contra predadores, tanto aéreos quanto aquáticos.

As asas, apesar de adaptadas ao nado, também trazem habilidade no voo, ao contrário dos pinguins, que também nadam bem, mas não são capazes de voar. A ave mede entre 28 a 30 cm de comprimento e pesa aproximadamente 400g.

Fratercula arctica, conhecido popularmente como papagaio-do-mar (Foto: vlmanning / iNaturalist)

“Os papagaios do mar conseguem bater rapidamente as asas, atingindo até 88 km/h em voo. Também são excelentes nadadores, mas se locomovem de forma semelhante aos pinguins quando caminham em terra firme”, relata o ornitólogo e professor da Unesp Augusto Florisvaldo Batisteli.

Embora não saiba exatamente o motivo do nome da ave, Augusto deduz que ele pode estar ligado ao formato do bico. “O bico do papagaio-do-mar lembra o dos psitacídeos, como os papagaios. Recentemente, pesquisadores descobriram que uma parte de seu bico brilha quando exposto à luz negra”, comenta.

Papagaio-do-mar se alimenta de peixes e zooplâncton, principalmente (Foto: Michal Slaný / iNaturalist)

De acordo com o pesquisador, a espécie passa a maior parte do tempo em mar aberto, procurando ilhas ou porções continentais de terra firme apenas na época de reprodução. Com uma dieta carnívora, o animal se alimenta principalmente de peixes e zooplâncton.

“Vocalizam bastante nas colônias de reprodução, mas são silenciosos quando estão no mar. Sua vocalização as vezes se assemelha ao ranger de uma porta, que pode ser repetido rapidamente”, explica o ornitólogo sobre os curiosos ruídos emitidos pela ave.

Quando o assunto é reprodução, os papagaios-do-mar fazem parte do time dos “românticos”. Segundo Augusto, eles se reproduzem em colônias, formando casais de longa duração. Os ninhos são contruídos diretamente no solo, em frestas de rochas ou em buracos.

“A reprodução acontece entre março e maio, quando colocam um único ovo, incubado por ambos os pais. O filhote é alimentado pelos dois por cerca de 40 dias e, quando adulto, regressa à mesma colônia onde nasceu para se reproduzir”, acrescenta ele.

Colônia de papagaios-do-mar no Reino Unido (Foto: lilleor / iNaturalist)

Ameaças

A espécie Fratercula arctica é considerada “vulnerável”, ou seja, faz parte da categoria de entrada das espécies ameaçadas, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), enquanto as espécies F. cirrhata e F. corniculata recebem o status de “não-preocupante”.

Para o especialista em aves, as ameaças são diversas e incluem: caça dos espécimes, morte acidental em redes de pesca ou por ingestão de plástico, diminuição das espécies de peixe das quais se alimenta pela pesca predatória, poluição dos oceanos e até as mudanças climáticas.

Ave se reproduz em colônias com muito indivíduos (Foto: David Martin / iNaturalist)

Isso porque o aquecimento do planeta pode ocasionar mudanças na disponibilidade de alimento ou da sua área de ocorrência, afetando a taxa de sobrevivência do animal.

“Como ação de conservação, alguns papagaios-do-mar falsos foram colocados em certas áreas para torná-las mais atrativas a essas aves, que são coloniais. A estratégia funcionou, uma vez que as aves que chegavam a esses locais realizavam um comportamento típico de interação social com os bonecos”, conta Augusto.

Fonte: G1

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