Na Austrália, redes contra ataque de tubarões matam de golfinhos a focas e geram críticas de ambientalistas

O governo de Nova Gales do Sul, estado na costa leste da Austrália, mantém há anos um programa para reduzir a ocorrência de ataques de tubarão baseado no uso de redes para captura desses animais no mar. Havia, claro, o compromisso de que a medida não comprometeria a sobrevivência ou o estado de conservação da vida selvagem da região. Virou um problema.

No ano passado, dados obtidos por entidades ambientalistas sobre o programa Shark Meshing em 51 praias da região revelaram que quase 90% dos animais marinhos capturados em redes eram espécies não-alvo, como tartarugas, raias, golfinhos, e focas. Das 204 criaturas marinhas capturadas nas redes contra tubarões entre setembro de 2022 e abril de 2023, apenas 24 eram tubarões. Mais um agravante: mais da metade de todos os animais capturados morreram em consequência do emaranhamento, segundo dados do governo.

Golfinhos e focas vitimados pelas redes contra tubarões. (Foto: Fundação Envoy/Guardian Australia)

Nesta semana, imagens de criaturas marinhas vitimadas pelas redes, incluindo um golfinho sangrando e uma foca emaranhada, foram obtidas via lei de acesso à informação pela organização ambiental Borell’s Envoy e compartilhadas com o jornal britânico The Guardian, mostrando a extensão dos danos. “Já trabalhamos neste espaço há algum tempo, mas cada vez que obtemos imagens como estas… ainda sentimos um aperto no coração”, diz o conservacionista Andre Borell. “Você pode dizer, por alguns dos ferimentos, o quanto esses animais lutaram para viver.”

Grupos ambientalistas e outros críticos do programa governamental opõem-se fortemente às redes contra tubarões devido ao impacto negativo que causam na vida marinha. Eles têm pressionado o governo do estado a rever o plano de contenção e realizar uma consulta pública para que a população possa participar da tomada de decisão.

O comitê consultivo de especialistas científicos em espécies ameaçadas do governo de Nova Gales também já declarou preocupação quanto ao programa. Há soluções alternativas para afastar os tubarões da região sem prejuízo às demais espécies, como a instalação de tambores inteligentes, educação e vigilância por drones.

No começo de Setembro, as autoridades locais lançaram as redes nas praias para mais um verão, apesar dos apelos de ativistas, cientistas e deputados para reconsiderar a medida que tem se mostrado falha e prejudicial à vida marinha.

Fonte: Um Só Planeta

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