Mobilização na praia em Santos retira 112kg de lixo, com 1,4 mil bitucas de cigarro

Nada menos que 1.400 bitucas de cigarros encontravam-se entre os 112 quilos de lixo recolhidos na manhã deste sábado (30), durante ação de proteção dos oceanos promovida pela Secretaria do Meio Ambiente (Semam). O volume foi considerado bastante expressivo, por se tratar de material leve, no qual predominaram plásticos e isopor.

Voluntários se mobilizaram para a remoção do microlixo

A atividade, concentrada na faixa de areia entre as praias da Aparecida e Ponta da Praia, e o costão de pedras até o ferry-boat, contou com 50 voluntários da instituição internacional Parley for the Oceans, institutos Mar Azul e Gremar, projetos Albatroz e Mantas do Brasil, e o Coletivo Jovem Albatroz. A Parley foi criada em 2011 e atua em 30 países, voltada para acelerar o processo de mudanças, envolvendo as pessoas nos cuidados com o planeta.

Pedaços de isopor e garrafas de plástico também predominaram na coleta

O grupo participou inicialmente de orientações a cargo da professora de ioga Eduarda Zalara, que ensinou técnicas de relaxamento e outras específicas para as articulações, além de aquecimento para a região lombar. A remada para remoção de detritos no mar foi suspensa, tendo em vista as condições adversas.

Sessão de ioga e alongamento antes dos trabalhos na areia
Participação da sociedade reforça ações do poder público

Três voluntários participaram pela primeira vez da ação. Surfista e estudante do 4º semestre de Biologia da Unisanta, Pedro Curci viu o comunicado na faculdade e não pensou duas vezes. “Adoro praia, vejo a triste situação da poluição, tanto no mar quanto na areia, e resolvi ajudar na limpeza”.

Neusa Craveiro disse ter sido “intimada” pela filha Daniela, estudante de Veterinária, a participar da limpeza colaborativa. “Sempre gostei do mar e, quando criança, queria ser oceanógrafa”, comentou, dizendo que a vida a levou para outros caminhos. “Mas agora estou resgatando o sonho de atuar em defesa do meio ambiente”, prosseguiu, dizendo que a família procura fazer sua parte em prol da natureza.

“Ajudamos ONGs, adotamos animais, adquirimos produtos de higiene veganos, separamos o lixo e agora estamos em transição para nos tornarmos veganos”, afirmou Neusa. Daniela, por sua vez, já tem um histórico de participação ativa na sociedade, tendo participado de ações do Greenpeace e do Rotary. “Gosto de ajudar e de me envolver nesse tipo de ação em defesa do meio ambiente”.

PARCERIAS – Na quinta ação de limpeza da praia realizada este ano, o secretário-adjunto do Meio Ambiente, Marcus Fernandes, destacou a importância das parcerias estabelecidas com a Administração, sem as quais o trabalho de conscientização, envolvimento individual e iniciativas como a limpeza da faixa de areia teriam resultados modestos. “Não faltam informações sobre as questões envolvendo o meio ambiente, mas infelizmente muitas pessoas ainda estão no imobilismo. Ações como esta é que mudam comportamentos e fazem a diferença”.

Ele convidou os voluntários para conhecer o projeto Beco Limpo, desenvolvido com o apoio do Ministério Público Federal no Dique da Vila Gilda, na Zona Noroeste, que promove atividades semanais na ONG Arte no Dique (Av. Brig. Faria Lima, 1.349, Rádio Clube), com o objetivo de criar multiplicadores ambientais nessa comunidade.  

A ação cobriu o trecho da Aparecida ao ferry boat, na Ponta da Praia (Foto: Raimundo Rosa)

Coordenadora da Parley no Brasil, rede global voltada à conscientização, preservação e limpeza dos oceanos, desde 2019 no País, Thais Gonçalves destacou que os mares são a maior fonte de oxigênio do planeta, superando as florestas. “Podemos ficar dias sem comer ou beber água, mas não sem respirar. Quem está nas montanhas, vive conectado com aqueles que estão no mar pela respiração”, prosseguiu, apostando em uma conexão maior com as forças espirituais e da natureza quando se está próximo dos oceanos.

As ações da Parley, prosseguiu, estão focadas principalmente nas questões envolvendo o plástico, que, além de tóxico, por ser produzido pelo petróleo, um combustível fóssil, não se decompõe em menos de 500 anos. “Todo o plástico produzido nos anos 1960 ainda está presente na natureza”, alertou, lembrando que, quanto mais esse material se degrada, mais micropartículas poluem a natureza e chegam à cadeia alimentar, contaminando os produtos ingeridos pelo homem.

Com 77 ações realizadas em Santos desde 2013, quando foi fundado, o Instituto Mar Azul já coletou 650 mil fragmentos de resíduos na praia, 280 mil dos quais bitucas de cigarro e 250 mil de plásticos diversos.

Fonte: Rosangela Menezes/PMS – Fotos: Raimundo Rosa

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