Lagostas podem ser “cães de guarda” na recuperação de corais, sugere estudo

A “mania” de fazer xixi das lagostas acontece porque o odor da urina serve como cartão de visita para elas, seres bastante sociais, que buscam outros da espécie para conviver e até dividir tocas nos corais onde costumam habitar. Mas elas não são as únicas a sentirem esse cheiro, e outros animais que podem ser presas da lagosta, que é uma grande predadora, fogem ao perceber a presença desses crustáceos.

O que uma pesquisa feita no estado da Flórida, nos Estados Unidos, demonstra é que muitos destes animais que fogem da lagosta são “coralívoros”, ou seja, se alimentam dos corais. Em um contexto de alto nível de degradação destes grandes organismos, que passam por processos severos de branqueamento em diversas partes do mundo, a lagosta pode atuar como sentinela, afirmam os pesquisadores.

“Estávamos interessados em tentar compreender se as lagostas podem funcionar como uma espécie de controle biológico destes predadores de corais quando os corais enfrentam tantas dificuldades para sobreviver, e a outra parte da questão era como estão mudando as teias alimentares”, conta disse Casey Butler, cientista pesquisadora associada e chefe do programa de pesquisa de lagosta da Florida Fish and Wildlife Conservation Commission, em entrevista ao jornal The Guardian.

“Nos recifes de melhor qualidade ou menos degradados, as lagostas comiam coisas mais elevadas na cadeia alimentar, peixes, moluscos, lagartas e até peixes-leão”, detalha a pesquisadora.

Odor da urina das lagostas afasta moluscos e outros animais que se alimentam de corais. (Foto: um Só Planeta)

Para desenvolver o estudo, os cientistas analisaram o conteúdo dos sistemas digestivos das lagostas, para saber o que elas comem, e associar esses hábitos ao estado dos corais de onde estes crustáceos foram retirados.

“Em recifes mais degradados, você vê conteúdos intestinais mais diversificados, elas comem tudo o que está disponível, coisas mais baixas na cadeia alimentar, como vermes, estrelas do mar, coisas assim. Portanto, toda a rede alimentar dos recifes de coral também está realmente mudando com esta degradação.”

A “patrulha das lagostas” não tem envergadura para resolver sozinha o problema dos corais, que enfrentam a sua maior ameaça no aquecimento constante das águas oceânicas. Contudo, a partir de iniciativas de preservação e regeneração de corais, as lagostas podem sim ter um papel de “cão de guarda”, afirma a especialista.

“Não temos mais recifes 100% saudáveis em Florida Keys, todos estão até certo ponto degradados, por isso o cultivo externo ocorre para aumentar a cobertura de corais vivos de diferentes espécies nos recifes. Se a plantação for em recifes de maior qualidade, talvez as lagostas possam manter baixas as populações de coralívoros”, analisa Butler.

Fonte: Um Só Planeta

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