A Islândia aprovou o reinício da caça comercial de baleias, após o fim de uma proibição temporária lançada este ano. Grupos de defesa dos direitos dos animais e ambientalistas descreveram a decisão como “extremamente decepcionante”.
O governo islandês afirmou que haverá regulamentações mais rigorosas, como melhores equipamentos, formação e maior monitoramento, mas os ativistas acreditam que elas são “inúteis e irrelevantes”, porque as baleias continuarão a sofrer mortes agonizantes – durante a caça, elas são baleadas com arpões com ponta de granada.
A decisão do governo de permitir que a caça à baleia-comum continue segue o conselho de um grupo de trabalho de que melhorias poderiam reduzir o sofrimento. As baleias-comuns, o segundo maior mamífero do mundo depois da baleia azul, são consideradas globalmente vulneráveis à extinção, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza.
Svandís Svavarsdóttir, ministra de Alimentação e Agricultura da Islândia, disse ao The Guardian que independentemente do seu ponto de vista pessoal ou político sobre a caça às baleias, “a avaliação do futuro da caça continua em curso e o processo oficial continua”, acrescentando que ainda não foi tomada uma decisão sobre emissão de licenças em 2024. “Se o governo e os licenciados não puderem garantir os requisitos de bem-estar, estas atividades não terão futuro”, Svavarsdóttir havia anunciado na época da suspensão.
Luke McMillan, um ativista anti-caça às baleias da Whale and Dolphin Conservation, disse que “O treino, a educação e melhores equipamentos ou métodos de abate nunca tornarão a caça às baleias aceitável. Não existe uma maneira humana de matar baleias no mar e elas ainda sofrerão. Os grupos ressaltaram que as baleias já enfrentam inúmeras ameaças, incluindo a poluição, o emaranhamento em redes de pesca, os ataques de navios e a crise climática.
“Simplesmente não há maneira de fazer com que o arpoamento de baleias no mar não seja cruel e sangrento, e nenhuma modificação mudará isso”, afirma Ruud Tombrock, diretor europeu da Humane Society International.
A ministra suspendeu a caça às baleias de junho até 31 de Agosto, depois de um relatório encomendado pelo governo ter concluído que a caça não cumpre a legislação islandesa sobre bem-estar animal, provocando uma morte muito lenta – uma caça a 58 baleias filmada e analisada no ano passado mostrou que, dos 36 animais baleados mais de uma vez, cinco foram atingidos três vezes e outros quatro, quatro vezes; uma baleia com um arpão nas costas foi perseguida por cinco horas. Criou-se então um grupo de trabalho para examinar a possibilidade de mudanças que reduziriam o sofrimento dos animais.
Alguns conservacionistas acreditam que a decisão possa afetar a eliminação progressiva da caça às baleias no longo prazo. Uma decisão sobre a quota baleeira da Islândia para os próximos anos deve ser tomada no final deste ano. O país tem apenas uma empresa baleeira remanescente, a Hvalur, cuja licença de cinco anos expira em dezembro. Para outros, a decisão é um “passo em frente” no objetivo acabar com a indústria na Islândia, pois estão confiantes de que as novas condições não serão cumpridas, esperando que o governo islandês não renove a licença da Hvalur.
A Islândia, a Noruega e o Japão são os únicos países que continuam a caçar baleias, apesar das críticas de ambientalistas e da queda do apoio populacional à caça (segundo pesquisa, 51% dos islandeses são contra).
Fonte: Um Só Planeta