Quem esteve na Praia de Itamambuca, em Ubatuba (SP), na noite desta sexta-feira (7) foi surpreendido por um espetáculo digno de filmes de fantasia: ondas do mar brilhando em um tom azul fluorescente.
O fenômeno, conhecido como bioluminescência, é raro e fascinante. Para entender o que causa esse brilho nas ondas do mar, a reportagem conversou com um biólogo e um oceanógrafo sobre o fenômeno.
Entre os sortudos que presenciaram e compartilharam registros do momento nas redes sociais está o influenciador digital Leonardo da Costa Dantas. Ele conta que já tinha visto o fenômeno antes, mas nunca com tamanha intensidade.
“Ubatuba é sensacional! Às vezes [a bioluminescência] aparece na Praia Vermelha do Centro ou na Ilha Anchieta… Mas dessa forma é a primeira vez que eu vejo”, relatou Leonardo.
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O que causa esse brilho?
O biólogo José Ataliba explica que esse efeito é gerado por bilhões de algas unicelulares chamadas cientificamente de Noctiluca scintillans, que brilham devido a uma reação química.
“Isso ocorre principalmente no verão, porque o aumento da temperatura da água e a maior concentração de nutrientes — às vezes trazidos pela chuva — estimulam a proliferação dessas algas. O brilho acontece quando um pigmento chamado luciferina, presente nesses organismos [e também em vaga-lumes e alguns peixes], entra em contato com o oxigênio.”
Mas isso pode indicar que a água está poluída? Segundo o especialista, é possível que o fenômeno esteja relacionado à presença de nitrogênio na água. O elemento pode sim vir de esgotos e dejetos de animais, mas essa não é a única explicação.
O oceanógrafo Hugo Gallo reforça que esse fenômeno não tem regra específica para acontecer: “Não é algo que vemos toda hora, nem todo ano. Uma série de fatores precisam se alinhar para que ele ocorra. Muitas vezes, acontece até em águas extremamente limpas, com pouca poluição”.
E por que o brilho é surge com mais força nas ondas? O oceanógrafo explica que, quando o fenômeno acontece em áreas rasas, qualquer movimento da água “ativa” esse brilho. Então, quando uma onda se forma ou um barco cruza o mar, a bioluminescência se intensifica, deixando um rastro cintilante no mar.
“Se você entrar na água e mexer as mãos, vai parecer o pozinho de pirlimpimpim”, disse, fazendo referência ao O Sítio do Picapau Amarelo. “É como se fosse um iogurte. Em um determinado momento, as bactérias se multiplicam tanto que transformam naquele produto lácteo. Aqui, temos uma ‘fermentação’ de microalgas.”
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Balneabilidade
Vale reforçar que, apesar do show de luzes, a Praia de Itamambuca está parcialmente imprópria para banho, segundo o último boletim da Cetesb, divulgado na última terça-feira (4). O documento é válido até o dia 13 de março.
A maior parte da praia segue com bandeira verde, mas a área próxima ao Rio Itamambuca, que deságua no mar, está com bandeira vermelha.
Fonte: G1