“A fé me salvou. Os braços estendidos de Jesus foram os dos colaboradores do Vitória, que me trataram com muito carinho, amor e excelência. Sempre havia alguém com alguma palavra de conforto, alívio, ânimo e perseverança. Foram dias muito difíceis, de muita incerteza. Sou grata ao hospital e fico feliz em saber que este trabalho está sendo encerrado pelo avanço que alcançamos na Cidade (no enfrentamento à covid-19)”. Este é o relato de Paula Helena Souza, que por oito dias ficou entubada no Hospital de Campanha Vitória, que encerrou oficialmente as atividades nesta sexta-feira (29).
O local foi devolvido pela Prefeitura de Santos à United Health Group Brazil, proprietária do imóvel, que inicia reforma na próxima quarta-feira (3) para dar lugar, daqui a seis meses, a um novo centro de oncologia. O espaço do Hospital Vitória foi cedido sem custos para a Prefeitura de Santos e, desde maio de 2020, funcionou como hospital de campanha no enfrentamento à covid-19, com gestão compartilhada entre a Prefeitura e o Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz (Ishaoc). Mais de 1,2 mil vidas foram salvas no hospital.
“No início da pandemia, não sabíamos como lidar com a doença, ficamos assustados. Todos os profissionais de saúde tiveram medo, temeram pela própria saúde e de seus familiares, mas não fugiram da luta. Hoje, estamos com uma taxa de ocupação de leitos na Cidade em torno de 20%, o que nos permite o encerramento no Hospital Vitória”, pontuou Adriano Catapreta, secretário de Saúde
A diretora do Ishaoc, Ana Paula Pinho, destacou que a gestão do Hospital Vitória foi uma parceria público-privada bem feita, com diretrizes de políticas públicas muito sistematizadas.
“A saúde pública venceu. Com muita felicidade, entregamos este hospital pois o Município já não precisa de tantos leitos hospitalares. Em cima do medo inicial, nossos colaboradores construíram resiliência e trataram os pacientes com respeito, qualidade e segurança, sempre lembrando da grande responsabilidade que a Secretaria de Saúde nos delegou”.
Em agradecimento a todos os colaboradores que atuaram no Hospital Vitória, foi plantada uma muda da árvore Capororoca, gentilmente cedida pelo Jardim Botânico Chico Mendes. Também foi exibido vídeo com depoimentos de alguns funcionários sobre a experiência no enfrentamento à covid-19 e a paciente Paula Helena cantou a canção “Quão Grande é o Meu Deus”, emocionando os presentes.
“Iniciamos a parceria com a Secretaria de Saúde em maio de 2020 e havíamos cedido o espaço até o final daquele ano, depois prorrogamos por mais dois trimestres. Para nós, foi uma honra ceder o hospital para a realização deste tipo de atendimento, pelo tempo que fosse necessário à população de Santos e da região. Iniciaremos a reforma na quarta e, em seis meses, teremos o melhor Centro de Oncologia da Baixada Santista”, afirma Renato Casarotti, Vice- Presidente de Relações Institucionais da United Health Group Brazil.
OCUPAÇÃO
Em outubro, o Hospital de Campanha Vitória registrou o menor índice de pacientes desde a sua abertura: do dia 1º a 20 deste mês (último dia de recebimento de pacientes), a média foi de 11 internados/dia pela covid-19. O pico de internações no Vitória ocorreu em abril deste ano, com média de 74 pacientes/dia (1º/04 a 20/04), impactado pelo início da circulação de variantes do coronavírus em meados de março, que afetou especialmente pessoas mais jovens e economicamente ativas.
O maior número de internações simultâneas no local, 85, foi registrado no dia 5 de abril de 2021. Em 2020, a menor média de internados ocorreu em outubro (1º a 20/10/20), com 23 pacientes/dia e a máxima em dezembro (1º a 20/12/2020), com 39 internados/dia.
HISTÓRICO
O uso do Hospital Vitória para o enfrentamento da covid-19 estava de acordo com a estratégia do município de Santos de abrir leitos de campanha em equipamentos de saúde e não em locais públicos, como estádios e ginásios.
Foram necessárias adequações estruturais para atender às necessidades de um hospital de campanha. Foram investidos R$ 4,9 milhões na estrutura física, na rede de gases e na compra de equipamentos e leitos hospitalares, além de ventiladores mecânicos e monitores multiparâmetros. Se optasse pela construção de um prédio similar ao Vitória, a Prefeitura de Santos teria um custo 30 vezes maior. Foram investidos R$ 66.577.852,70 no custeio, com recursos da Prefeitura de Santos e do Governo do Estado de São Paulo.
A Prefeitura de Santos manterá leitos de campanha para o tratamento da covid-19 no Complexo Hospitalar dos Estivadores, na Santa Casa de Santos e no Hospital Beneficência Portuguesa. Para uma eventual ampliação de leitos, além destes equipamentos podem ser considerados outros estabelecimentos que também deram suporte hospitalar durante a pandemia: Complexo Hospitalar da Zona Noroeste, Hospital de Pequeno Porte, UPA Central e UPA da Leste.
Fonte: PMS – Foto: Carlos Nogueira / PMS
