Com 4,5 metros de comprimento e 1,3 tonelada, um filhote de baleia jubarte morto foi encontrado em Búzios, na Região dos Lagos, na última quarta-feira. Ainda com o cordão umbilical, o macho foi o primeiro dos três animais mortos que apareceram no intervalo de cinco dias. Mais dois filhotes apareceram mortos: uma fêmea em Arraial do Cabo no sábado e um macho em Cabo Frio no domingo.
Os três animais passaram por perícia para identificar a causa das mortes. A investigação é para apontar se foi provocada por alguma patologia ou vírus. Entretanto, a principal hipótese é de causa natural.
— As baleias já foram muito caçadas, no passado, e hoje a população aumentou bastante, o que é fantástico. Se a população aumenta, o número de encalhes também vai aumentar, isso é esperado. Mas como somos veterinários, ficamos com esse olhar crítico — explica a médica veterinária Paula Baldassin, vice-presidente do Instituto BW, ONG que atua tanto com educação ambiental quanto atendimento veterinário.
A área de atuação é a Região dos Lagos ao Norte Fluminense, de Saquarema a São Francisco de Itabapoana. A partir deste ano, a ONG firmou parceria com Grupo de Estudos de Mamíferos, Aves e Répteis Marinhos e Costeiros da Região dos Lagos (GEMM-Lagos), formando duas equipes, acionadas sempre que há um encalhe, no geral, de animais mortos. Desde 2018, nenhuma baleia viva é encontrada encalhada no litoral fluminense, segundo Baldassin.
De acordo com o coordenador GEMM-Lagos, Salvatore Siciliano, as baleias-jubarte migram para o litoral brasileiro por estarem em busca de águas mais rasas e quentes, para proteger os filhotes de predadores. Passagens de frentes frias ou o mar agitado podem representar risco para esses animais recém-nascidos, segundo Siciliano, como justificativa para o monitoramento dessas ocorrências.
Com tamanhos que variam de 4,15 a 4,5 metros, os três animais mortos em sequência eram filhotes e nasceram em águas brasileiras. O cordão umbilical da baleia de Búzios indicava que ela tinha nascido um ou dois dias antes. Já nos casos de Arraial do Cabo (Praia Grande) e Cabo Frio (Praia do Foguete), o tamanho dos mamíferos indicava que tinham no máximo um mês de vida.
Inicialmente, quem esteve na praia se deparou com perfurações no filhote encontrado em Búzios. No entanto, a explicação do Instituto BW é que elas foram feitas para conseguir examinar o animal: ele tinha sido colocado na Praia dos Amores, local com muitas pedras e, para ser transferido pelas autoridades para a Praia do Canto, com mais areia para o trabalho dos especialistas, foi preciso guinchá-lo. Os exames estão em análise e os resultados, nos três casos, ainda não foram divulgados.
Trabalho com prefeituras
Antes da temporada de baleias, o Instituto BW se reúne com prefeituras locais, para poderem se preparar. Dessa forma, quando um animal aparece morto em suas praias, podem fornecer a estrutura necessária aos profissionais.
No que chamou de “resposta muito positiva” dos municípios atendidos, Paula Baldassin cita o apoio de retroescavadeiras e até de guardas, para fazerem a segurança no local. A equipe abrange as cidades de Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo, Búzios, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Macaé, Quissamã, Carapebus, Campos e São Francisco de Itabapoana.
— Até brinco com as prefeituras. Não é um evento isolado, que não vai ter mais nenhum: todo ano vai ter e todo ano vai ser maior. Uma população maior (de baleias) quer dizer que vai ter mais encalhes na praia. A resposta neste ano foi muito positiva e eu já sei para quem ligar, ao ver em qual cidade foi o encalhe — observa Paula.
A temporada de nascimentos das baleias vai de julho a novembro. No fim desse período, os animais podem chegar a 9 metros, o dobro do tamanho de quando nascem.
Fonte: Extra