Conhece a vaquita? Comissão Baleeira emite alerta de extinção para animal que vive em apenas uma região do mundo

A Comissão Baleeira Internacional (CBI) emitiu o primeiro alerta de extinção para um animal que muitos nem sabem que está sob sua vigilância: a vaquita, uma espécie de toninha endêmica no norte do Golfo da Califórnia, em águas mexicanas.

Apenas cerca de 10 indivíduos foram vistos em uma recente expedição da CBI para avaliar essa população. Em 1997, a população era de quase 600 animais, aponta a Euronews.

Sua principal ameaça vem do aprisionamento em “redes de emalhar” ilegais. Essas redes de pesca ficam suspensas verticalmente no mar, e, embora não visem a captura das vaquitas (o alvo é o totoaba, peixe que é iguaria alimentícia na China e tem valor bastante alto no mercado internacional), elas acabam sendo pegas no processo.

“A extinção da vaquita é inevitável, a menos que 100% das redes de emalhar sejam substituídas imediatamente por equipamentos de pesca alternativos que protejam a vaquita e os meios de subsistência dos pescadores”, disse a CBI em comunicado emitido.

Durante a expedição, especialistas do México, do grupo de conservação Sea Shepherd e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) avistaram entre 8 e 13 dos tímidos e esguios animais. É um número semelhante ao observado na última expedição desse tipo em 2021, e não é exato porque o avistamento por binóculos pode deixar dúvidas, deixando alguns indivíduos como “prováveis”.

A boa notícia veio da confirmação de pelo menos um filhote de vaquita entre os indivíduos vistos. “Há pelo menos uma vaquita bebê novinha em folha”, disse Porter. “Eles não pararam de se reproduzir. Se conseguirmos tirar essa pressão [das redes de emalhar], a população pode se recuperar”, disse Lindsay Porter, vice-presidente do comitê científico da CBI.

Vaquita é uma toninha tímida e pequena que está em extinção (Foto: Flickr/Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do México)

Pescadores burlam mecanismos de proteção

Embora o governo mexicano tenha feito alguns esforços para impedir a pesca com redes – como afundar blocos de concreto com ganchos para prender as redes – os pescadores ainda entram diariamente na área protegida, para pescar e até mesmo sabotar os esforços de monitoramento.

Segundo o relatório da expedição, “os pescadores começaram a remover os dispositivos acústicos usados para registrar os cliques da vaquita. Os dados registrados em cada dispositivo são perdidos e é caro substituir os que são roubados.”

“A menos que a fiscalização da proibição de pesca seja eficaz e o roubo de equipamentos seja interrompido, o monitoramento acústico não pode coletar dados como no passado”, completa o relatório.

Alex Olivera, representante do México para o Centro de Diversidade Biológica, que não fez parte da expedição, estimou que “mesmo em um habitat livre de rede de emalhe, levará cerca de 50 anos para a população voltar ao nível em que estava há 15 anos.”

“Precisamos que o México cumpra com urgência as regulamentações existentes para evitar que a vaquita desapareça para sempre”, acrescentou.

A CBI disse que emitiu o alerta de extinção – o primeiro em seus 70 anos de história – porque acredita que a extinção da vaquita ainda não é inevitável. “Queríamos […] enviar a mensagem a um público mais amplo e para que todos entendessem o quão sério isso é”, disse Lindsay Porter.

Fonte: Um Só Planeta

Compartilhe
Facebook
Twitter
WhatsApp

Notícias relacionadas