Câmera flagra colisão de barco com tubarão-elefante de 7 metros; veja

Uma colisão entre uma embarcação e um tubarão-elefante (Cetorhinus maximus) foi registrada pela primeira vez, graças a uma câmera acoplada ao corpo do animal por pesquisadores horas antes. O incidente em águas protegidas na costa da Irlanda sugere que essas ocorrências são mais comuns do que se imaginava.

Os dados forneceram aos cientistas uma oportunidade única de aprender mais sobre esses eventos envolvendo a megafauna marinha. Um artigo que descreve as descobertas foi publicado nesta quarta-feira (24) na revista científica Frontiers in Marine Science.

Os tubarões-elefantes são representantes da megafauna marinha e podem atingir comprimentos de até 12 metros (Foto: Wikimedia Commons)

Espécie ameaçada

Os tubarões-elefantes são considerados a segunda espécie com maior tamanho entre os peixes. Estima-se que pode atingir até 12 metros de comprimento, o que a coloca atrás somente do tubarão-baleia. A espécie consta na lista da União Internacional para Conservação da Natureza como ameaçada de extinção.

A Irlanda é um dos únicos países no mundo onde esses animais continuam a se reunir em grandes populações. Por isso, o país tem criado leis específicas para garantir a sua segurança, como o reconhecimento de uma área de proteção de 70 mil acres no oceano onde os tubarões migram sazonalmente para se alimentar e potencialmente acasalar.

Semelhante às baleias, esses peixes se alimentam de crustáceos na superfície da água, o que os torna mais suscetíveis a colisões com barcos. Mas, ao contrário dos mamíferos, os tubarões-elefante afundam quando mortos, dificultando a avaliação das suas taxas de mortalidade.

Foi pensando nisso que a equipe formada por pesquisadores da Irlanda e dos Estados Unidos passou a acompanhar 20 exemplares da espécie a fim de avaliar os seus comportamentos no espaço de proteção. Para isso, foram acopladas etiquetas projetadas para mapear e gravar 12 horas do dia do animal, até a sua liberação programada.

Como aconteceu a colisão

O exemplar que foi vítima da colisão com a embarcação era uma fêmea de 7 metros de comprimento. Segundo os pesquisadores, depois que o sensor e a câmera foram acoplados em sua carcaça, o tubarão passou algumas horas circulando pela superfície até registrar uma série de movimentos bruscos e evasivos, seguidos de um rápido mergulho em direção às profundezas.

Pelas imagens capturadas pela câmera do sensor, os cientistas encontraram a resposta para o estranho comportamento. O animal havia sido atingido pelo que parecia ser um barco pesqueiro.

“Esta é a primeira observação direta de um ataque de navio a qualquer megafauna marinha que temos conhecimento”, afirma Taylor Chapple, um dos autores do artigo, em nota. “O tubarão foi atingido enquanto se alimentava na superfície da água e imediatamente nadou para o fundo do mar em águas mais profundas, offshore, um contraste gritante com seu comportamento antes do ataque”.

Veja o vídeo a seguir:

Embora não apresentasse sangramentos ou ferimentos abertos aparentes, é possível visualizar marcas de tinta e uma marca vermelha deixada na pele do tubarão. Também é possível que o peixe tenha sofrido machucados internos, difíceis de se identificar pela câmera.

Os impactos com embarcações nem sempre são imediatamente letais, mas mesmo ferimentos não letais podem ter consequências de curto e longo prazo. Durante sete horas após a colisão, o animal permaneceu parado, até que a câmera fosse desligada. Com isso, os especialistas não conseguem afirmar se o acidente foi fatal ou não.

Preservação da espécie

“O fato de um tubarão em que adaptamos nosso ‘Fitbit’ ter sido atingido nessa área em poucas horas ressalta o quão vulneráveis esses animais são a barcos. Isso também destaca a necessidade de maior educação sobre como mitigar tais ataques”, explica o coautor Nicholas Payne.

Embora já existam medidas de proteção na região – como a própria existência do Parque Marinho Nacional da Irlanda -, os pesquisadores indicam que muito mais ainda precisa ser feito. Os registros em vídeo são provas disso.

“Nossa pesquisa levanta questões adicionais sobre ‘se’ e ‘com que frequência’ os tubarões estão realmente ocupando tais habitats quando não estão claramente visíveis na superfície”, pondera McInturf. “Dado que a Irlanda é um dos únicos locais globalmente onde tubarões-elefantes ainda são observados com consistência, abordar tais questões é crítico para informar não apenas nossa compreensão ecológica da espécie, mas, também, a conservá-la a nível global”.

Fonte: Um Só Planeta

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